WikiLeaks divulga milhares de documentos que seriam da CIA
Os documentos fazem parte do "Ano Zero", o primeiro de uma série de vazamentos que a organização denunciou
EFE
Publicado em 7 de março de 2017 às 12h45.
Última atualização em 7 de março de 2017 às 14h52.
Londres - O site de vazamentos Wikileaks divulgou nesta terça-feira detalhes de um programa secreto de espionagem cibernética da CIA , a agência de inteligência dos Estados Unidos, como parte de uma série de sete pacotes que o portal definiu como "o maior vazamento de informações de inteligência da história".
O Wikileaks, dirigido pelo ativista australiano Julian Assange, tinha planejado uma entrevista coletiva através da internet para apresentar seu projeto "Vault 7", mas, posteriormente, anunciou no Twitter que suas plataformas tinham sido atacadas e que tentará fazer contato mais tarde.
Em comunicado, o australiano, que vive refugiado na embaixada do Equador em Londres desde 2012, disse que o vazamento de hoje é "excepcional de uma perspectiva legal, política e jurídica".
Além disso, Assange denunciou que "há um grande risco de proliferação no desenvolvimento de armas cibernéticas", que resulta da incapacidade das agências de segurança para controlá-las, uma vez que estas as criaram e por seu "alto valor de mercado".
Segundo o Wikileaks, esta primeira entrega, chamada "Year Zero" e na qual são expostos os sistemas de espionagem cibernética, software maliciosos e outras armas digitais utilizadas pela agência de inteligência americana, compreende 8.761 documentos e arquivos, procedentes de "uma rede isolada e de alta segurança situada no Centro de Inteligência Cibernética da CIA em Langley, na Virgínia".
O site de vazamentos afirmou que obteve os documentos de uma pessoa que teve acesso a eles quando a CIA perdeu o controle sobre os mesmos.
O Wikileaks explicou que, recentemente, "a CIA perdeu o controle sobre a maior parte de seu arsenal de espionagem cibernética, incluídos softwares maliciosos, vírus, cavalos de tróia, ataques de dia zero, sistemas de controle remoto de software malicioso e documentos associados".
Esta coleção de "milhões de códigos" dão a seu possuidor "a capacidade total de espionagem cibernética da CIA", garantiu o site em seu comunicado.
Segundo o Wikileaks, a coleção chegou nas mãos de antigos hackers do governo e de outros agentes de maneira "não autorizada", e um deles "proporcionou porções do arquivo" ao site.
O Wikileaks acrescentou que o pacote "Year Zero" expõe o alcance e a direção do programa secreto de espionagem cibernética da CIA, o que inclui um arsenal malicioso e dúzias de possíveis ataques de dia zero - através de erros de software - contra vários produtos.
Estes produtos incluem, de acordo com o site de Assange, o iPhone da Apple, o Android do Google, o Windows da Microsoft e televisores inteligentes da marca Samsung, que podem se transformar em "microfones encobertos".
O Wikileaks afirmou que a CIA aumentou suas capacidades na luta cibernética até rivalizar, "inclusive com menos transparência", com a NSA, outra agência de segurança americana.
O portal também revelou que, além de seu centro em Langley, a CIA utiliza o consulado dos EUA em Frankfurt "como uma base encoberta para seus hackers na Europa, no Oriente Médio e na África".
O Wikileaks afirmou que, ao divulgar toda esta documentação, tomou cuidado de não distribuir "armas cibernéticas carregadas" até que "emerja um consenso sobre a natureza política e técnica do programa da CIA e de como tais 'armas' devem ser analisadas, desativadas e divulgadas".
Julian Assange dirigiu a divulgação do "Vault 7" a partir de sua residência na embaixada do Equador, onde se refugiou em 19 de junho de 2012 para evitar sua extradição à Suécia, que o reivindica para interrogá-lo sobre um crime sexual do qual ele nega.
Assange teme que esse país possa entregá-lo aos EUA, que o investiga pelas revelações de seu site em 2010, quando divulgou documentos diplomáticos confidenciais dos americanos.