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Pró-ocidentais têm vitória sem precedentes na Ucrânia

Bloco do presidente Petro Poroshenko e outros quatro movimentos pró-ocidentais teriam obtido cerca de 70% dos votos

Ucraniana preenche uma cédula de votação durante as eleições parlamentares, na vila de Horodyshche, próximo de Chernihiv (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2014 às 17h17.

Os partidos pró-ocidentais conseguiram uma vitória arrasadora nas eleições legislativas deste domingo na Ucrânia , segundo pesquisa de boca de urna.

O bloco do presidente Petro Poroshenko e outros quatro movimentos pró-ocidentais, entre eles os nacionalistas, teriam obtido cerca de 70% dos votos, segundo pesquisa realizada por três institutos diferentes.

O grupo de Poroshenko conseguiu 22% dos votos, seguido pelo partido do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk (21%) e o movimento Samopomitch liderado pelo prefeito de Lviv (13%).

Os nacionalistas de Svoboda e o partido da ex-primeira Yulia Timoshenko conseguiram cada um 6% dos votos.

O principal partido pró-russo, composto por ex-aliados do antigo presidente Viktor Yanukovich, conseguiu entrar no parlamento co quase 8% dos votos, segundo a mesma fonte.

As pesquisas de boca de urna já indicavam que a maioria dos ucranianos apoia as reformas econômicas e democráticas, em especial a luta contra a corrupção, que levem finalmente a uma integração à União Europeia.

A participação se apresentou moderada e até o início da tarde, apenas 20,3% dos ucranianos haviam votado, em comparação com os 24,6 % de 2012, segundo números parciais da comissão eleitoral.

A votação ocorreu sem incidentes, com exceção do ocorrido na região de Kirovograde, centro do país, onde três conhecidos candidatos do bloco governamental foram agredidos a pedradas quando gravavam em vídeo uma tentativa de compra de votos.

O presidente Petro Poroshenko aproveitou para visitar a cidade de Kramatorsk, retomada pelas forças ucranianas no leste separatista pró-russo, que boicota as eleições.

"Chegando em Donbass", região mineradora que inclui as zonas rebeldes de Donetsk e Lugansk, escreveu o presidente em sua conta no Twitter, publicando uma foto a bordo de um helicóptero militar.

Ele visitou um colégio eleitoral em Kramatorsk e conversou com soldados ucranianos.

"O serviço de vocês à Ucrânia é uma conquista. Para mim e para milhões de ucranianos vocês são heróis a quem devemos nossas vidas pacíficas", disse ele aos soldados.

A esposa do presidente, Marina Poroshenko, votou sozinha em um colégio no centro de Kiev, explicando à imprensa que Poroshenko estava em Donbass "para controlar o processo de votação", organizado nos territórios controlados pelas forças ucranianas, de acordo com um comunicado da presidência.

A campanha eleitoral terminou na sexta-feira sem grande comício ou manifestação, ofuscada pela guerra que causou mais de 3.700 mortos desde abril e forçou mais de 800 mil pessoas a fugir de suas casas.

Mas no último discurso antes da votação, Poroshenko disse no sábado que a eleição pode "completar a transferência de poder", iniciada com os protestos pró-ocidentais de fevereiro passado, que obrigaram o então presidente, o pró-russo Viktor Yanukovich, a fugir do país.

"Verão que este será um novo Parlamento por completo", disse o chefe de Estado ucraniano, que defendeu um legislativo de reformas, sem corrupção, pró-ucraniano e pró-europeu, "não pro-soviético".

O movimento do presidente liderava as pesquisas com mais de 30% das intenções de votos, seguido por outras formações pró-ocidentais. Ele espera alcançar com essas eleições "uma maioria constitucional" para permitir a realização de reformas vitais para este país muito corrupto e em profunda recessão, agravada pelo conflito armado.

Embora tudo indique que o bloco de Poroshenko vencerá as eleições, provavelmente terá de formar uma coalizão com os nacionalistas da linha dura caso não obtiver a maioria absoluta no Parlamento.

Pela primeira vez na história da Ucrânia pós-soviética, o Parlamento deve ser dominado por pró-ocidentais em razão do aumento de sentimentos anti-russos.

Duas formações herdeiras do Partido das Regiões, do presidente deposto Yanukovitch, a Ucrânia Forte e Bloco de Oposição, poderiam alcançar os 5% necessários para entrar no Parlamento, mas os comunistas podem nem chegar a ser representados.

A nova Assembleia incluirá, em contrapartida, ativistas da sociedade civil envolvidos na contestação de Maidan, bem como voluntários que lutaram no leste e querem fazer ouvir "a voz do front" no Parlamento.

Após as eleições, a primeira tarefa do chefe de Estado será construir uma coligação forte, capaz de adotar duras medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais da Ucrânia, o FMI e Bruxelas à frente.

No total, cerca de cinco milhões de eleitores, de um total de 36 milhões no país, não votaram neste domingo na Crimeia, anexada à Rússia em março, e nas áreas controladas pelos separatistas na região mineradora de Donbass. Vinte e sete assentos parlamentares dos 450 que compõem o Verkhovna Rada, o Parlamento ucraniano, permanecerão vazios.

O processo de paz iniciado pelo presidente não foi suficiente para parar completamente os combates, e os separatistas, que controlam partes das regiões de Donetsk e Lugansk, se preparam para realizar as suas próprias eleições em 2 de novembro.

Um cessar-fogo foi alcançado no início de setembro entre Kiev e os rebeldes, com a participação da Rússia, mas intensos combates prosseguem em alguns redutos de resistência, provocando a morte de civis quase diariamente.

Os combates se concentraram na área do aeroporto, um dos principais pontos de acesso da linha de frente, e os insurgentes, bem como as autoridades de Kiev, manifestaram temores de hostilidades com as eleições.

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O bloco do presidente Petro Poroshenko e outros quatro movimentos pró-ocidentais, entre eles os nacionalistas, teriam obtido cerca de 70% dos votos, segundo pesquisa realizada por três institutos diferentes.

O grupo de Poroshenko conseguiu 22% dos votos, seguido pelo partido do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk (21%) e o movimento Samopomitch liderado pelo prefeito de Lviv (13%).

Os nacionalistas de Svoboda e o partido da ex-primeira Yulia Timoshenko conseguiram cada um 6% dos votos.

O principal partido pró-russo, composto por ex-aliados do antigo presidente Viktor Yanukovich, conseguiu entrar no parlamento co quase 8% dos votos, segundo a mesma fonte.

As pesquisas de boca de urna já indicavam que a maioria dos ucranianos apoia as reformas econômicas e democráticas, em especial a luta contra a corrupção, que levem finalmente a uma integração à União Europeia.

A participação se apresentou moderada e até o início da tarde, apenas 20,3% dos ucranianos haviam votado, em comparação com os 24,6 % de 2012, segundo números parciais da comissão eleitoral.

A votação ocorreu sem incidentes, com exceção do ocorrido na região de Kirovograde, centro do país, onde três conhecidos candidatos do bloco governamental foram agredidos a pedradas quando gravavam em vídeo uma tentativa de compra de votos.

O presidente Petro Poroshenko aproveitou para visitar a cidade de Kramatorsk, retomada pelas forças ucranianas no leste separatista pró-russo, que boicota as eleições.

"Chegando em Donbass", região mineradora que inclui as zonas rebeldes de Donetsk e Lugansk, escreveu o presidente em sua conta no Twitter, publicando uma foto a bordo de um helicóptero militar.

Ele visitou um colégio eleitoral em Kramatorsk e conversou com soldados ucranianos.

"O serviço de vocês à Ucrânia é uma conquista. Para mim e para milhões de ucranianos vocês são heróis a quem devemos nossas vidas pacíficas", disse ele aos soldados.

A esposa do presidente, Marina Poroshenko, votou sozinha em um colégio no centro de Kiev, explicando à imprensa que Poroshenko estava em Donbass "para controlar o processo de votação", organizado nos territórios controlados pelas forças ucranianas, de acordo com um comunicado da presidência.

A campanha eleitoral terminou na sexta-feira sem grande comício ou manifestação, ofuscada pela guerra que causou mais de 3.700 mortos desde abril e forçou mais de 800 mil pessoas a fugir de suas casas.

Mas no último discurso antes da votação, Poroshenko disse no sábado que a eleição pode "completar a transferência de poder", iniciada com os protestos pró-ocidentais de fevereiro passado, que obrigaram o então presidente, o pró-russo Viktor Yanukovich, a fugir do país.

"Verão que este será um novo Parlamento por completo", disse o chefe de Estado ucraniano, que defendeu um legislativo de reformas, sem corrupção, pró-ucraniano e pró-europeu, "não pro-soviético".

O movimento do presidente liderava as pesquisas com mais de 30% das intenções de votos, seguido por outras formações pró-ocidentais. Ele espera alcançar com essas eleições "uma maioria constitucional" para permitir a realização de reformas vitais para este país muito corrupto e em profunda recessão, agravada pelo conflito armado.

Embora tudo indique que o bloco de Poroshenko vencerá as eleições, provavelmente terá de formar uma coalizão com os nacionalistas da linha dura caso não obtiver a maioria absoluta no Parlamento.

Pela primeira vez na história da Ucrânia pós-soviética, o Parlamento deve ser dominado por pró-ocidentais em razão do aumento de sentimentos anti-russos.

Duas formações herdeiras do Partido das Regiões, do presidente deposto Yanukovitch, a Ucrânia Forte e Bloco de Oposição, poderiam alcançar os 5% necessários para entrar no Parlamento, mas os comunistas podem nem chegar a ser representados.

A nova Assembleia incluirá, em contrapartida, ativistas da sociedade civil envolvidos na contestação de Maidan, bem como voluntários que lutaram no leste e querem fazer ouvir "a voz do front" no Parlamento.

Após as eleições, a primeira tarefa do chefe de Estado será construir uma coligação forte, capaz de adotar duras medidas de austeridade exigidas pelos credores internacionais da Ucrânia, o FMI e Bruxelas à frente.

No total, cerca de cinco milhões de eleitores, de um total de 36 milhões no país, não votaram neste domingo na Crimeia, anexada à Rússia em março, e nas áreas controladas pelos separatistas na região mineradora de Donbass. Vinte e sete assentos parlamentares dos 450 que compõem o Verkhovna Rada, o Parlamento ucraniano, permanecerão vazios.

O processo de paz iniciado pelo presidente não foi suficiente para parar completamente os combates, e os separatistas, que controlam partes das regiões de Donetsk e Lugansk, se preparam para realizar as suas próprias eleições em 2 de novembro.

Um cessar-fogo foi alcançado no início de setembro entre Kiev e os rebeldes, com a participação da Rússia, mas intensos combates prosseguem em alguns redutos de resistência, provocando a morte de civis quase diariamente.

Os combates se concentraram na área do aeroporto, um dos principais pontos de acesso da linha de frente, e os insurgentes, bem como as autoridades de Kiev, manifestaram temores de hostilidades com as eleições.

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