Vitória apertada de Hollande enfraquece França
Para especialista, como impacto dessa divisão, haverá uma incapacidade da França de pesar muito decisivamente de um lado ou de outro, seja para apoiar a política atual que está sendo comandada por Merkel, seja para se opor a ela
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2012 às 17h30.
São Paulo - Mais do que ameaçar o pacto de austeridade fiscal da zona do euro encabeçado pela chanceler alemã Angela Merkel, a eleição do socialista François Hollande como novo presidente da França traz um risco maior: a vitória apertada sobre Nicolas Sarkozy representa uma profunda divisão do eleitorado francês, o que enfraquecerá o mandato do novo presidente de influir sobre os rumos da Europa para esta ou aquela direção. A avaliação é de José Augusto Guilhon Albuquerque, 71 anos, professor de relações internacionais ligado ao Centro de Estudos Avançados da Unicamp.
"Os augúrios não são bons do resultado dessa eleição, não especificamente da vitória do Hollande. O fato é que há uma divisão muito maior do que se pensava no eleitorado francês. Foi uma pequena diferença entre os dois candidatos, praticamente dentro da margem de erro", disse Guilhon Albuquerque à Agência Estado. "É uma divisão que já se espelha no próprio congresso. Até as eleições parlamentares (marcadas para junho próximo), François Hollande e a Centro-Esquerda não terão uma maioria governativa."
Para ele, como impacto dessa divisão, haverá uma incapacidade da França de pesar muito decisivamente de um lado ou de outro, seja para apoiar a política atual que está sendo comandada por Merkel, seja para se opor a ela. "Não há um mandato muito claro", disse o professor. "(Com o resultado da eleição), Hollande não terá uma maioria e, portanto, terá dificuldade em apontar um primeiro-ministro que seja completamente submetido a ele."
Albuquerque não crê que Hollande irá romper completamente com o pacto fiscal proposto por Merkel, mas irá pressionar por políticas expansionistas para amenizar o desemprego e a debilidade da economia na França, o que gerará tensão e problemas.
Além da derrota de Sarkozy na França, outros políticos e partidos no poder têm sofrido uma reprovação popular nas urnas. Na Grécia, os dois principais partidos do país, o socialista Pasok e o conservador Nova Democracia, foram punidos nas urnas nas eleições nacionais deste domingo, segundo pesquisas de boca de urna. Na Alemanha, os partidos da coalizão de governo União Democrática Cristã (CDU), partido de Angela Merkel, e o Partido Democrático Livre (FDP) sofreram também neste domingo derrota nas eleições que ocorreram no Estado de Schelswig-Holstein, ao norte do país, próximo à Dinamarca, mostraram pesquisas preliminares divulgadas pela TV alemã.
"A mensagem mais geral que o eleitorado está dando é que não confia nos atuais dirigentes e nas propostas e soluções encontradas por eles, mas o resultado das urnas não aponta para nenhuma direção", explica Guilhon Albuquerque. "Isso porque a punição recai sobre a direita e a esquerda: tanto sobre aqueles que querem medidas mais pesadas contra as políticas sociais e contra a mão de obra estrangeira quanto sobre aqueles que querem o contrário, isto é, apressar o processo de expansão populista. Então, ocorre que o governo, quer seja de centro-esquerda quer seja de centro-direita, está em descrédito e não há uma mensagem clara dos eleitores de ir para esquerda ou para a direita."
São Paulo - Mais do que ameaçar o pacto de austeridade fiscal da zona do euro encabeçado pela chanceler alemã Angela Merkel, a eleição do socialista François Hollande como novo presidente da França traz um risco maior: a vitória apertada sobre Nicolas Sarkozy representa uma profunda divisão do eleitorado francês, o que enfraquecerá o mandato do novo presidente de influir sobre os rumos da Europa para esta ou aquela direção. A avaliação é de José Augusto Guilhon Albuquerque, 71 anos, professor de relações internacionais ligado ao Centro de Estudos Avançados da Unicamp.
"Os augúrios não são bons do resultado dessa eleição, não especificamente da vitória do Hollande. O fato é que há uma divisão muito maior do que se pensava no eleitorado francês. Foi uma pequena diferença entre os dois candidatos, praticamente dentro da margem de erro", disse Guilhon Albuquerque à Agência Estado. "É uma divisão que já se espelha no próprio congresso. Até as eleições parlamentares (marcadas para junho próximo), François Hollande e a Centro-Esquerda não terão uma maioria governativa."
Para ele, como impacto dessa divisão, haverá uma incapacidade da França de pesar muito decisivamente de um lado ou de outro, seja para apoiar a política atual que está sendo comandada por Merkel, seja para se opor a ela. "Não há um mandato muito claro", disse o professor. "(Com o resultado da eleição), Hollande não terá uma maioria e, portanto, terá dificuldade em apontar um primeiro-ministro que seja completamente submetido a ele."
Albuquerque não crê que Hollande irá romper completamente com o pacto fiscal proposto por Merkel, mas irá pressionar por políticas expansionistas para amenizar o desemprego e a debilidade da economia na França, o que gerará tensão e problemas.
Além da derrota de Sarkozy na França, outros políticos e partidos no poder têm sofrido uma reprovação popular nas urnas. Na Grécia, os dois principais partidos do país, o socialista Pasok e o conservador Nova Democracia, foram punidos nas urnas nas eleições nacionais deste domingo, segundo pesquisas de boca de urna. Na Alemanha, os partidos da coalizão de governo União Democrática Cristã (CDU), partido de Angela Merkel, e o Partido Democrático Livre (FDP) sofreram também neste domingo derrota nas eleições que ocorreram no Estado de Schelswig-Holstein, ao norte do país, próximo à Dinamarca, mostraram pesquisas preliminares divulgadas pela TV alemã.
"A mensagem mais geral que o eleitorado está dando é que não confia nos atuais dirigentes e nas propostas e soluções encontradas por eles, mas o resultado das urnas não aponta para nenhuma direção", explica Guilhon Albuquerque. "Isso porque a punição recai sobre a direita e a esquerda: tanto sobre aqueles que querem medidas mais pesadas contra as políticas sociais e contra a mão de obra estrangeira quanto sobre aqueles que querem o contrário, isto é, apressar o processo de expansão populista. Então, ocorre que o governo, quer seja de centro-esquerda quer seja de centro-direita, está em descrédito e não há uma mensagem clara dos eleitores de ir para esquerda ou para a direita."