Mundo

Violência no campo é fruto da impunidade, diz Marina

Para a ex-ministra, o governo precisa implementar progressivamente projetos de ordenamento territorial e de combate à violência no campo para pôr fim aos conflitos agrários

Marina considera que a falta de impunidade coloca os agricultores numa situação de vulnerabilidade

Marina considera que a falta de impunidade coloca os agricultores numa situação de vulnerabilidade

DR

Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2011 às 19h36.

São Paulo - A ex-senadora Marina Silva (PV-AC) associou hoje a onda de violência no campo à falta de controle do governo sob grupos que agem de forma violenta e impune na região amazônica. "Tem um grupo de pessoas que historicamente atua na Amazônia sem noção de limites. Foi assim que fizeram com Chico Mendes, com a irmã Dorothy (Stang). É uma repetição da violência e da impunidade que acontece há décadas", avaliou a ex-ministra do Meio Ambiente ao comentar a morte de mais um trabalhador rural no Pará. "Essa onda de violência é associada à mentalidade que acha que pode remover todos os limites, que desrespeita a vida e a lei", completou.

Para a ex-ministra, o governo precisa implementar progressivamente projetos de ordenamento territorial e de combate à violência no campo para pôr fim aos conflitos agrários. Marina citou o Plano Amazônia Sustentável e o Programa de Apoio às Comunidades Tradicionais, iniciados durante sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, como exemplo de projetos que foram engavetados pelo governo federal.

Marina considera que a falta de impunidade coloca os agricultores numa situação de vulnerabilidade, uma vez que, ao denunciarem a situação no campo, viram alvos a ser eliminados. Ao analisar o comportamento dos assassinos que no campo, Marina ressalta que, para eles, "qualquer empecilho aos seus interesses nefastos deve ser removido". "Se (os empecilhos) são pessoas, eles eliminam."

Na opinião de Marina, cabe ao Congresso Nacional impor limites aos que suprimem a legislação, a fim de acabar com a ideia de "terra sem lei". "Há uma onda de impunidade, onde as pessoas imaginam que o ilegal pode se transformar em legal", disse, numa crítica indireta à anistia aprovada no novo Código Florestal.

A ex-ministra diz que o Brasil vive atualmente "o retrocesso dos retrocessos" na área ambiental, o que engloba a violência no campo, a aprovação na Câmara do novo Código Florestal e a aprovação da licença para a construção da hidrelétrica de Belo Monte. "É de se indignar o que está acontecendo no Brasil", desabafou. Marina criticou o aval do Ibama para a obra e reclamou que as condicionantes para a realização do projeto tenham sido reduzidas pela metade. "Não houve justificativa nenhuma do Ministério do Meio Ambiente. Nós estamos no fundo do poço do retrocesso do meio ambiente", comentou.

Batalha no Senado

A ex-senadora espera que o novo Código seja revisto no Senado e que, em último caso, a presidente Dilma Rousseff vete os pontos relacionados à anistia e ao favorecimento ao desmatamento. Embora tenha sido aprovado por 410 deputados, Marina conta com a mobilização da sociedade para mudar o projeto no Congresso. "Se o Senado ouvir a sociedade na sua maioria, verá que a população não quer ver a destruição das florestas. Se for para ouvir a parte atrasada do agronegócio, aí vai prevalecer o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP)", afirmou.

Marina acredita que o governo foi omisso durante o trâmite do projeto e que transferiu sua responsabilidade para o deputado do PCdoB. "O governo deixou o projeto exclusivamente na mão do Aldo. E o Aldo fez um relatório que só ouviu um lado", reclamou. "Espero que agora haja um processo que seja capaz de ouvir os segmentos", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:CelebridadesCrimeMarina SilvaMeio ambientePersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Mundo

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

Milei insiste em flexibilizar Mercosul para permitir acordos comerciais com outros países

Trump escolhe Stephen Miran para chefiar seu conselho de assessores econômicos