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Violência macabra dispara os alarmes na Venezuela

Casos de esquartejamento em diferentes pontos de Caracas em menos de um mês disparou os alarmes na Venezuela, que se viu surpreendida por crimes macabros


	Vista de um bairro de Caracas: analistas especulam sobre as razões dos crimes
 (Juan Barreto/AFP)

Vista de um bairro de Caracas: analistas especulam sobre as razões dos crimes (Juan Barreto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 10h29.

Caracas - Os casos de três pessoas esquartejadas em diferentes pontos de Caracas em menos de um mês disparou os alarmes na Venezuela, um país que, apesar do alto índice de criminalidade, se viu surpreendido por homicídios que até o governo qualificou de "macabros".

Os analistas especulam sobre as razões dos crimes, que há quem classifique como "primitivos", com hipóteses que vão desde o narcotráfico e o envio de advertências entre grupos criminosos a razões passionais.

Em nenhum dos casos a Polícia Científica anunciou a resolução do crime e fontes da instituição indicaram à Agência Efe que as investigações destes assassinatos estão em curso e, por isso, não podem antecipar informações a respeito, embora garantam que não há vinculação entre os homicídios.

O primeiro caso ocorreu em meados de julho no oeste de Caracas.

Um comerciante de origem portuguesa chamado José Enrique Maia Sardinha, de 38 anos, que tinha sido sequestrado em sua empresa quatro dias antes, apareceu esquartejado.

Aproximadamente uma semana depois apareceram vários bolsas em uma cidade do leste da capital venezuelana com as partes de uma pessoa que depois foi identificada como o veterinário Simón Perdomo, de 22 anos, assassinado em sua casa, no centro de Caracas.

O terceiro caso é o de Yesenia Mujica, estudante de Publicidade de 20 anos, que saiu para comemorar o fim de seu primeiro semestre e não retornou a sua casa. No dia seguinte foi achado seu corpo, em partes, em diferentes pontos do oeste da capital.

O ministro do Interior, Miguel Rodríguez, se referiu esta semana a estes homicídios e comentou que na Venezuela estão ocorrendo crimes com "modalidades macabras" que, assegurou, são "importadas, copiadas de outras latitudes onde as vítimas são esquartejadas por homicidas que atuam com muitíssima sanha".

Rodríguez comentou que, além destas "modalidades macabras", também é preocupante a tendência a recorrer à violência "na hora de buscar resolver problemas de convivência".

No entanto, o ministro previu que no final de ano as estatísticas demonstrarão uma redução de todos os delitos graças aos planos que o governo iniciou no último ano.

O advogado criminalista Fermín Mármol explicou à Efe que quando se produzem estes homicídios, nos quais "os corpos sem vida são desmembrados", as teses "clássicas" de investigação se orientam ao narcotráfico e a crimes passionais.

No entanto, Mármol indicou que na Venezuela não se pode descartar "uma terceira possibilidade" devido à instauração de "uma nova casta delitiva" que os investigadores batizaram como "os coco secos".

Trata-se de grupos criminosos integrados por jovens de não mais de 25 anos, muitos deles menores de idade, que consomem drogas antes e durante a ação delitiva e que, em busca do controle territorial, não só matam seus inimigos, mas também enviam uma mensagem "de ferocidade" com crimes cruéis e atrozes.

O criminalista concordou com o ministro do Interior ao assinalar que a Venezuela não só sofre de uma alta incidência criminal, mas também de uma "alta violência na conduta cidadã".

"O venezuelano está muito propenso a reagir de maneira exagerada perante os problemas cotidianos, conduta que incide nos crimes e temos uma alta taxa de crimes primitivos na Venezuela", disse Mármol.

"A crise venezuelana em temas de crime e violência chegou a níveis de saúde pública", lamentou, ressaltando que "o grande combustível" do aumento da criminalidade no país "foi a impunidade", pois, "de cada cem delitos, só se castigam oito".

A própria relação de oito castigos por cada cem delitos é mencionada pelo presidente do Observatório Venezuelano de Violência (OVV), Roberto Briceño, que opinou que o aumento "no tom da violência" tem a ver "com essa impunidade completa" que permite "um maior descaramento" na forma de cometer os crimes.

"Esta espetacularização da violência e do crime" também se relaciona, segundo Briceño, com a sociedade do espetáculo e a possibilidade que agora os delinquentes possam gravar seus crimes e divulgá-los através da internet ou telefones celulares.

Segundo o OVV, a violência criminal custou em 2013 a vida de 24.763 pessoas, o que elevou a taxa de assassinatos a 79 por cada 100 mil habitantes, embora os números oficiais do Ministério do Interior para esse ano mostrem uma taxa de 39 homicídios por cada 100 mil habitantes (mais de 11 mil assassinatos).

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