Lan se apropriou de grandes somas ao organizar empréstimos ilegais (STR/AFP via Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 11 de abril de 2024 às 07h36.
Um tribunal do Vietnã condenou nesta quinta-feira a magnata do setor imobiliário Truong My Lan à morte por sua participação num caso de fraude financeira de US$ 12,46 bilhões, o maior já registrado no país, informou a mídia estatal. Ela controlava o Saigon Joint Stock Commercial Bank (SCB).
Lan, de 67 anos, presidente da incorporadora imobiliária Van Thinh Phat Holdings Group, foi considerada culpada por roubo, suborno e violações das regras bancárias. O julgamento aconteceu na cidade de Ho Chi Minh.
Do início de 2018 até outubro de 2022, quando o governo socorreu o SCB após uma corrida aos seus depósitos, Lan se apropriou de grandes somas ao organizar empréstimos ilegais para empresas de fachada, disseram os investigadores.
Os danos totais causados pela fraude chegam a US$ 27 bilhões, o equivalente a seis por cento do PIB do país em 2023. Ela negou todas as acusações e culpou seus subordinados pela fraude.
O julgamento, que começou em 5 de março e terminou antes do planejado, foi parte de uma campanha contra a corrupção que o líder do Partido Comunista no poder, Nguyen Phu Trong, prometeu durante anos eliminar, embora com poucos resultados.
Lan foi uma das poucas mulheres até hoje no Vietnã a ser condenada por crimes de colarinho branco. Além dela, 85 réus foram julgados no caso.
Autoridades do país disseram que 2.700 pessoas foram convocadas a prestar depoimentos. Dez procuradores trabalharam no caso e 200 advogados estiveram envolvidos na questão.
Provas e documentos foram arquivados em 104 caixas, pesando 6 toneladas no total.
A operação, apelidada de "fornalha ardente", fez com que centenas de altos funcionários públicos e executivos de alto nível fossem processados ou forçados a renunciar, incluindo o presidente Vo Van Thuong.
Os promotores disseram que apreenderam mais de 1.000 propriedades pertencentes a Lan, enquanto as autoridades disseram que os US$ 5,2 milhões supostamente dados por ela e por alguns banqueiros do SCB a funcionários do Estado foram o maior suborno já registrado no país.