Presidente do Zimbábue, Robert Mugabe: "eçe deve ser retirado das suas obrigações como presidente", exigiu o porta-voz da associação, (Joe Raedle/Getty Images)
EFE
Publicado em 15 de novembro de 2017 às 15h15.
Harare - A Associação Nacional de Veteranos da Guerra de Libertação do Zimbabué (ZNLWA, na sigla em inglês) exigiu nesta quarta-feira a renúncia do presidente do país, Robert Mugabe, depois da intervenção militar que alimenta os rumores sobre um possível golpe de Estado, segundo informou a imprensa local.
"Mugabe deve ser retirado das suas obrigações como presidente e como primeiro-secretário da ZANU-PF (seu partido, a União Nacional Africana de Zimbabué-Frente Patriótica)", exigiu o porta-voz da associação, Victor Matemadanda, que expressou seu apoio às ações empreendidas pelas forças armadas.
No entanto, a ZNLWA assegurou que o exército "não tomou o poder" e que o país está "funcionando como sempre".
Matemadanda reivindicou ao partido governante que "volte ao constitucionalismo" e "reverta todas as expulsões e suspensões lideradas pela camarilha do G40", em alusão à facção do partido liderada pela primeira-dama, Grace Mugabe, que pretende suceder seu marido no poder.
Os analistas apontam este grupo e Grace Mugabe, pessoalmente, como responsável pela destituição na semana passada do vice-presidente Emmerson Mnangagwa, um herói de guerra, que fugiu à África do Sul.
Membros destacados do G40 foram detidos hoje pelos militares, entre eles os ministros de Finanças, Educação e Governo Local e Obras Públicas e Moradia, assim como o presidente da juventude da ZANU-PF e o número dois dos serviços de inteligência.
A tensão no Zimbabué começou a escalar na tarde de ontem, depois que vários tanques foram vistos se dirigindo à capital Harare, apenas um dia depois que o chefe das forças armadas do país, Constantine Chiwenga, advertisse que tomaria "medidas corretivas" se continuasse o expurgo de veteranos no partido de Mugabe, de 93 anos e no poder desde 1987.
A ZANU-PF respondeu ontem a Chiwenga ao afirmar que suas palavras sugeriam uma "conduta de traição" destinada a "incitar à insurreição e ao desafio violento da ordem constitucional". EFE