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Venezuela registra tumultos e saques a comércios

Deputado aliado a Guaidó diz que saques teriam começado depois que comerciantes aumentaram os preços durante a manhã

Venezuela: crise econômica se agravou com a chegada do coronavírus ao país (Manaure Quintero/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de abril de 2020 às 11h23.

Última atualização em 23 de abril de 2020 às 14h57.

Saques a comércios da cidade de Cumanacoa, no norte da Venezuela terminaram em violência nesta quarta-feira, dia 22. Segundo o gabinete do autoproclamado presidente Juan Guaidó , ao menos sete pessoas ficaram feridas no tumulto, sendo uma delas baleada.

De acordo com o deputado Robert Alcalá, aliado de Guaidó, os saques começaram depois que comerciantes aumentaram os preços durante a manhã. O parlamentar ouviu relatos de que os moradores da cidade passam fome.O Centro de Comunicação da Assembleia Nacional - parlamento dominado pela oposição e presidido por Guaidó - também afirmou que a crise se agravou com a pandemia de coronavírus .

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Ainda em março, o regime de Nicolás Maduro impôs quarentena para toda a Venezuela para evitar o espalhamento da covid-19. Levantamento da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, desta quarta-feira mostra 288 casos no país e dez mortes pela doença.

Cumanacoa vem passando por manifestações contra a falta de alimentos e de combustíveis. O aumento nos preços por comerciantes revoltou ainda mais a população da cidade onde vivem mais de 50 mil pessoas.

Em mensagem publicada no Twitter, Guaidó culpou o regime de Nicolás Maduro pela crise e disse que os chavistas "subestimaram o povo, crendo que a repressão e o medo podem conter o inevitável. Um governo de emergência nacional sem os usurpadores é urgente", escreveu Guaidó.

Guaidó vem pedindo um governo de emergência desde março, quando os Estados Unidos propuseram que ele e Maduro se afastassem do poder e permitissem novas eleições presidenciais na Venezuela. O chefe do regime chavista, porém, negou a proposta, que chamou de "aberração".

Controle de preços

O presidente venezuelano Nicolás Maduro alertou na quarta-feira que controles rígidos de preços dos bens poderiam retornar, com o surto de coronavírus e uma aguda falta de gasolina que fez a inflação acelerar.

O governo chavista relaxou no ano passado a aplicação de controles de preços, vigentes há quase duas décadas, permitindo ao setor privado desempenhar um papel maior na importação e venda de mercadorias em face das sanções dos EUA destinadas a derrubar Maduro, acusado de corrupção e violações dos direitos humanos.

Mas nas últimas semanas, os preços começaram a subir, em parte devido à escassez de gasolina, resultado de anos de falta de manutenção e investimento nas refinarias, e mais recentemente devido às sanções, que complicaram o transporte de produtos.

"Eu dei instruções precisas para lidar com a especulação, os setores da economia que não desejam cooperar com o país", disse Maduro em um discurso na televisão estatal. "Todos os mecanismos para regular e monitorar a produção, custos e os preços estão ativados".

A Venezuela está no sexto ano de uma hiperinflação, que os economistas atribuem à desenfreada impressão de dinheiro para cobrir déficits fiscais e intervenções estatais pesadas na economia.

Maduro frequentemente culpa as sanções dos EUA e uma suposta sabotagem da oposição pelos problemas do país. Os passos de Maduro em direção à liberalização da política econômica no ano passado não mudaram a economia.

Segundo a Assembleia Nacional, órgão legislativo controlado pela oposição que teve o mandato anulado por Maduro, a inflação interanual chega a 3,365%. O governo não publica regularmente indicadores econômicos.

O custo de um quilo de carne em Caracas aumentou 72% nos últimos 30 dias, segundo os cálculos da agência Reuters (com agências internacionais).

 

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