Nicolás Maduro: morte de opositor preso amplia acusações de repressão na Venezuela. (ZURIMAR CAMPOS/Venezuelan Presidency/AFP)
Repórter
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 07h38.
Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 07h39.
A Venezuela reconheceu neste domingo, 7, a morte do dirigente opositor Alfredo Díaz, encarcerado há um ano.
O anúncio ocorre em meio à pressão crescente dos Estados Unidos, que classificaram o governo de Nicolás Maduro como “vil” após a confirmação do óbito. Díaz havia sido detido após as eleições de julho de 2024, contestadas pela oposição, que acusa fraude e reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia, atualmente no exílio.
O Ministério para o Serviço Penitenciário afirmou que Díaz, de 56 anos, teve um infarto e morreu após ser levado ao Hospital Clínico Universitário.
O governo declarou que o dirigente recebeu “plena garantia de seus direitos”. Familiares contestam essa versão. A filha de Díaz, Daliannys, afirmou em vídeo que o pai já tinha problemas de saúde no momento da prisão, em novembro de 2024, e que não recebeu o tratamento necessário. Ela relatou episódios frequentes de desmaios, falta de oxigênio, dores no peito e convulsões.
Díaz foi governador de Nueva Esparta entre 2017 e 2021 e é o sexto opositor morto sob custódia desde novembro de 2024.
A morte provocou reação imediata do governo dos Estados Unidos. Em mensagem publicada no X, o Departamento de Estado afirmou que o caso “é outro lembrete da vil natureza do regime criminoso de Maduro”.
A crítica ocorre no momento em que uma flotilha americana, que inclui o maior porta-aviões do mundo, realiza operações antinarcóticos no Caribe. Caracas afirma que essas manobras têm como objetivo derrubar Maduro. A oposição venezuelana descreve o Sebin, onde Díaz estava preso, como um “centro de tortura”.
A dirigente opositora María Corina Machado, que está na foragida e recebeu recentemente o Prêmio Nobel da Paz, afirmou que a morte “se soma a uma sequência alarmante de falecimentos de presos políticos”. Em comunicado conjunto com González Urrutia, ela citou um “padrão contínuo de repressão estatal”, mencionando negação de atenção médica, isolamento e condições degradantes.
Segundo o advogado Gonzalo Himiob, da ONG Foro Penal, Díaz “havia sido acusado, mas seu julgamento estava paralisado”. Ele afirmou que a família nomeou a ONG como defesa, mas que o governo impôs um defensor público. Alfredo Romero, diretor da organização, afirmou que Díaz estava isolado havia um ano e recebera apenas uma visita da filha.
Desde 2014, 17 presos políticos morreram sob custódia do Estado venezuelano, segundo Romero. O Foro Penal estima que há 887 presos políticos atualmente no país.
Para a ONG, a repressão se consolidou como mecanismo de intimidação adotado pelo governo venezuelano.
*Com informações da AFP