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Venezuela enfrenta o desafio das abstenções na eleição de domingo

Entre 50% e 60% dos venezuelanos estão dispostos a votar nas eleições regionais, enquanto a média de participação tem oscilado entre 60% e 70%

Venezuela: uma abstenção elevada permitiria ao governo de Nicolás Maduro minar o favoritismo que as pesquisas lhe atribuem (Jaime Saldarriaga/Reuters)
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AFP

Publicado em 13 de outubro de 2017 às 12h06.

A oposição venezuelana enfrenta o desafio de levar seus desmotivados partidários a votar no domingo (15) nas eleições de governadores, já que uma abstenção elevada permitiria ao governo de Nicolás Maduro minar o favoritismo que as pesquisas lhe atribuem, afirmam analistas.

Entre 50% e 60% dos venezuelanos estão dispostos a votar nas eleições regionais, segundo o instituto Datanálisis, enquanto a média de participação neste tipo de eleições tem oscilado entre 60% e 70%.

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"Agora a intenção é menor porque há frustração na oposição, um racha entre os que querem ir e os que pensam que é um erro pois valida o governo, a Constituinte e o poder eleitoral", disse à AFP Luis Vicente León, diretor do Datanálisis.

A opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que assegura ainda ser majoritária após arrasar nas eleições parlamentares de 2015, liderou protestos multitudinários entre abril e julho para exigir a saída de Maduro e frear a eleição da Assembleia Constituinte, integrada apenas por governistas.

Os objetivos não foram alcançados e a decepção entre os opositores ficou evidente: Maduro continua no poder, as manifestações deixaram 125 mortos e a Constituinte foi instalada apesar das denúncias de irregularidades na eleição.

Félix Seijas, diretor do instituto de pesquisas Delphos, calcula uma participação próxima de 55%, embora - avalie - "no contexto atual deveria ser maior porque esta eleição servirá para conhecer o balanço de forças entre o governo e a oposição".

Ao contrário, Jesús Seguías, diretor da Datincorp, acredita que nas regionais votarão mais de 60% dos venezuelanos.

"A raiva acumulada e a impotência por não encontrar saídas para a crise faz com estas eleições sejam vistas como uma oportunidade de enviar uma mensagem de descontentamento", comentou à AFP.

A oposição tem multiplicado seus chamados a votar para castigar o governo pela severa crisis do país, que está à beira da hiperinflação e sofre com uma grave escassez de alimentos e medicamentos.

Quem quer a abstenção?

A situação governa atualmente 20 dos 23 estados do país. Os três restantes estão nas mãos da coalizão opositora.

Uma pesquisa de opinião do Datanálisis demonstrou que 44,7% dos consultados planejam votar em candidatos da oposição e 21,1% pelos governistas. Com este resultado, estima a empresa Torino Capital - que encomendou o estudo -, a MUD pode ganhar em 18 estados.

Os especialistas coincidem em que, apesar de ser provável que o governo obtenha desta vez menos governos, uma baixa participação poderia igualar o resultado.

"Uma abstenção alta pode beneficiar o governo em estados pequenos e a oposição pode diminuir a 11 governadores", informou Seijas.

No entanto, Maduro assegura que os governistas poderiam, inclusive, levar os 23 estados. "Será uma vitória histórica", expressou no domingo (8).

León adverte que para a oposição é fundamental superar a abstenção porque "é óbvio que é majoritária".

"Em um cenário convencional, com participação elevada e uma eleição transparente e competitiva, deveria ter uma vitória bastante contundente", afirmou.

Diante desse panorama, o melhor cenário para o governo - acrescentou - será "reduzir o esplendor do voto opositor e para isto usará sua força de mobilização, chantagem eleitoral e controle institucional".

Para Seguías, em uma eleição normal, a oposição ganharia todos ou quase todos os estados, porque a rejeição ao governo é maciça, de quase 80%. "Agora, bem, o governo estimula a abstenção e abusa de seu poder", sinalizou.

Luta

Em um cenário assim, por que a Assembleia Constituinte ordenou antecipar estas eleições de dezembro para outubro?

"Por sua situação precária, produto da crise econômica e das pressões internacionais, o governo está obrigado a buscar saídas, negociações que lhe permitam continuar", afirmou Seguías.

Analistas consideram, por outro lado, que a oposição faz bem em participar.

"Não pode ceder seu direito sem lutar. A participação permitirá mobilizar seus seguidores. Tem que demonstrar que é maioria", destacou León.

Seijas considera que o terreno forte da oposição é justamente o eleitoral e deve aproveitá-lo "Apesar do desânimo, a oposição não pode ceder espaços de poder", como os governos estaduais.

O diretor da Delphos considera que os opositores devem se cuidar, ainda, para não enviar um sinal de fragilidade ao mundo.

"A comunidade internacional tem a ideia de que o país é opositor e o governo é minoria. É preocupante se esta percepção mudar", acrescentou.

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