Maduro: Leis semelhantes já haviam sido aprovadas anteriormente, prevendo penas contra quem apoie sanções externas ao regime (AFP)
Redação Exame
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 18h57.
Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 18h58.
A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pela base aliada do presidente Nicolás Maduro, aprovou nesta terça-feira, 23, uma lei que prevê penas de até 20 anos de prisão para cidadãos que apoiem bloqueios marítimos e ações classificadas como pirataria internacional, em especial contra embarcações venezuelanas.
A medida vem em resposta direta à intensificação das apreensões de navios-tanque por parte dos Estados Unidos.
O texto foi aprovado por unanimidade pelo bloco chavista, que detém maioria absoluta no Parlamento unicameral.
A proposta foi protocolada logo após o confisco, no sábado, de um segundo navio transportando petróleo venezuelano.
No domingo, um terceiro petroleiro foi perseguido, segundo Caracas, embora sem detalhes confirmados sobre a ação.
A legislação estabelece que qualquer pessoa que “execute, promova, invoque, favoreça, facilite ou apoie” atos como pirataria, bloqueio marítimo ou espionagem poderá ser condenada de 15 a 20 anos de prisão, além do pagamento de multas que podem chegar a 1 milhão de euros — o equivalente a R$ 6,5 milhões. Também está prevista a apreensão de bens relacionados.
A nova norma foi batizada como “lei de proteção das liberdades de navegação e comércio frente a pirataria, bloqueios e outros atos ilícitos internacionais”.
Em pronunciamentos recentes, Maduro classificou as ações americanas como “pirataria naval criminosa”, e voltou a afirmar que os embargos fazem parte de uma ofensiva de Washington para derrubá-lo do poder.
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, mobilizou uma frota no Caribe sob o argumento de combater o tráfico de drogas na região.
O governo chavista, no entanto, interpreta a movimentação como parte de uma estratégia geopolítica para controlar o comércio de petróleo e enfraquecer Caracas.
A Venezuela, que enfrenta sanções internacionais desde 2019, tem recorrido ao mercado paralelo para comercializar petróleo com grandes descontos.
A produção diária gira em torno de 1 milhão de barris. O projeto também inclui incentivos e garantias econômicas e jurídicas a operadores comerciais que mantenham negócios com o país, mesmo diante de restrições internacionais.
Leis semelhantes já haviam sido aprovadas anteriormente, prevendo penas contra quem apoie sanções externas ao regime.
A opositora María Corina Machado, vencedora do Prêmio Nobel da Paz e defensora da política de pressão máxima dos EUA sobre Maduro, é um dos alvos frequentes da retórica governista.
No último final de semana, manifestações organizadas por militantes chavistas em Caracas chamaram o ex-presidente Donald Trump de o "maior pirata do Caribe".
O protesto foi uma reação à nova onda de apreensões de navios petroleiros venezuelanos, justificada por Washington como parte de medidas contra o narcotráfico e evasão de sanções.
As manifestações foram orquestradas em frente à sede do Ministério das Relações Exteriores e exibiram faixas com dizeres contra a “guerra econômica” conduzida pelos EUA.
Com agência AFP.