Quais países reconhecem o Estado palestino?
Nesta terça-feira, Espanha, Irlanda e Noruega entraram nesta lista
Agência de notícias
Publicado em 28 de maio de 2024 às 11h11.
Três quartos dos países do mundo reconhecem o Estado palestino que foi proclamado pelos líderes no exílio há mais de 35 anos, uma política à qual Espanha, Irlanda e Noruega aderiram oficialmente nesta terça-feira, 28.
O reconhecimento, que enfureceu Israel, eleva para 145 o número de países que reconhecem o Estado palestino, de um total de 193 membros das Nações Unidas.
A eclosão da guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza, após o ataque do grupo islamista ao território israelense em 7 de outubro, reavivou os apelos ao reconhecimento de um Estado palestino.
Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram reconhecer o Estado palestino a partir desta terça-feira, rompendo com a política de grande parte do Ocidente, como de Estados Unidos, Canadá, maioria dos países da Europa Ocidental, Austrália, Japão e Coreia do Sul.
Washington, um aliado de Israel, usou o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU em meados de abril e bloqueou uma resolução para que os palestinos aderissem às Nações Unidas como um membro pleno.
Arafat proclama um Estado palestino em 1988
Em 15 de novembro de 1988, durante a primeira intifada (revolta), o líder palestino Yasser Arafat proclamou unilateralmente um Estado palestino independente com Jerusalém como capital.
Arafat fez o anúncio em Argel durante uma reunião do Conselho Nacional Palestino no exílio, que adotou como objetivo uma solução de dois Estados, um israelense e outro palestino.
Poucos minutos depois, a Argélia reconheceu oficialmente o Estado palestino. Em poucas semanas, dezenas de países, incluindo a maioria dos Estados árabes, a China, a Índia e a Turquia, adotaram esta política. Pouco depois, foram seguidos por quase todos os países africanos e nações do bloco soviético.
Desde dezembro de 2010, primeiro o Brasil e depois a Argentina, a Bolívia, o Equador, o Chile, o Peru e o Uruguai reconheceram o Estado palestino. Na região latino-americana, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Costa Rica já o tinham feito e Colômbia, Honduras e El Salvador também aderiram, marcando distância dos Estados Unidos, principal aliado de Israel.
2012, um pé na ONU
Sob a liderança de Mahmoud Abbas, a Autoridade Palestina lançou uma ofensiva diplomática em organizações multilaterais.
A Unesco foi a primeira organização multilateral da ONU a abrir as portas aos palestinos em 2011, o que gerou a indignação de Israel e dos Estados Unidos, que abandonaram a organização, embora Washington tenha retornado a ela em 2023.
Em uma votação histórica em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU decidiu pela concessão aos palestinos do status de Estado observador nas Nações Unidas.
A decisão, denunciada por Estados Unidos e Israel, abriu caminho para a adesão ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em 2015 e permitiu o início de investigações sobre as operações militares israelenses nos Territórios Palestinos.
2014, uma decisão pioneira da Suécia
Em 2014, a Suécia, lar de uma grande comunidade palestina, tornou-se o primeiro membro da União Europeia a reconhecer o Estado palestino.
Outros seis países europeus já tinham adotado esta política antes de aderirem à UE: Bulgária, Chipre, Hungria, Polônia, República Tcheca e Romênia.
2024, um novo impulso na Europa
Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram nesta terça-feira que vão seguir os passos da Suécia, uma decisão que rompe com a concepção de que o reconhecimento do Estado palestino está atrelado a um processo de paz com Israel.
Eslovênia e Malta declararam em março que estão "dispostos" a reconhecer o Estado palestino, "quando surgirem as circunstâncias certas".
Em 9 de maio, o governo esloveno adotou um decreto para o reconhecimento deste Estado e o Parlamento deverá se pronunciar em 13 de junho.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou em fevereiro que o reconhecimento de um Estado palestino “deixou de ser um tabu”. Já o ministro francês das Relações Exteriores, Stéphane Séjourné, reiterou nesta terça-feira que considera que esta decisão deve ocorrer “no momento imediato”.