Vale mais ir para a Grécia do que para os EUA, diz empresário do turismo
Diretor de agência especializada em Grécia diz que crise econômica pode até beneficiar os turistas
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2010 às 09h31.
São Paulo - André Papazanakis começou o semestre com uma missão complicada. Diretor de uma agência de turismo especializada em pacotes para a Grécia, ele viu alguns de seus clientes com viagem já agendada hesitarem diante da confusão que greves e protestos violentos levaram às ruas de Atenas. Para acalmar os clientes, seu maior artifício tem sido o discurso. "Vocês não estão indo para Bagdá. Além disso, do ponto de vista econômico, vale mais a pena ir para a Grécia do que para os Estados Unidos."
A convicção do diretor da Grécia Turismo vem da última visita que ele fez ao país, em janeiro. Ele diz que a situação não está atrapalhando a rotina dos turistas. "É até melhor, porque os problemas econômicos levaram as lojas, por exemplo, a baixar os preços. Tem coisas com até 70% de desconto", diz Papazanakis.
Os argumentos têm se mostrado eficientes até agora. O executivo diz que, de janeiro a maio, a agência vendeu 30% a mais de pacotes para a Grécia, em comparação com o ano passado. Um dos turistas "tranquilizados" por Papazanakis é o engenheiro Eduardo Bernardes. Ele e a esposa embarcam na próxima semana para um roteiro de quinze dias pelos principais pontos turísticos gregos.
"Fiquei preocupado, nem tanto com a violência, mas com as greves. O turista pode chegar lá em uma situação na qual seu passeio seja prejudicado por uma parada nos transportes", afirma Bernardes. Cauteloso, o engenheiro conversou não só com a agência de viagens, mas com amigos que moram na Europa. "Eles dizem que não há muito que fazer. E nós já entramos no clima, seria ruim abortar. Além disso, talvez consigamos até ter benefícios."
Ele já obteve alguns. Ao programar a viagem, Bernardes comprou euro em um período de queda. Devido à crise, a moeda da União Europeia sofreu fortes desvalorizações e bateu os menores níveis dos últimos quatro anos. Para se ter uma ideia, nos últimos 12 meses, enquanto o dólar sofreu uma queda de 7,8% em relação ao real, o euro registrou uma desvalorização de 19,8%.
Nestas férias, o engenheiro vai levar na mala, além das dicas de André Papazanakis, uma boa dose de expectativas. "Sou um otimista por natureza. A Grécia é um país de grande tradição, e depende muito do turismo. Não acredito que eles vão deixar a situação piorar, até para que tenham tranqüilidade ao atravessar essa crise", diz Bernardes.