Vacina contra cólera em epidemia pode aumentar eficácia
Aplicação em casos como o do Haiti pode limitar propagação da bactéria
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 09h29.
Washington - Uma vacinação contra o cólera durante uma epidemia como a do Haiti pode limitar sua propagação e permitir combater melhor uma bactéria que, após várias mutações recentes, voltou mais virulenta, segundo duas pesquisas publicadas nos Estados Unidos.
Um estudo conduzido no Vietnã durante uma importante epidemia de cólera em Hanoi mostra que a administração de uma ou duas doses de vacina oral proporciona 76% de proteção eficaz, constataram Dang Duc Anh e Anna Lena López, do Instituto Internacional de Vacinas (IVI) em Seul, na Coreia do Sul.
Ambos são os autores de um estudo divulgado em uma publicação da Public Library of Science (PLoS), datada em 25 de janeiro.
A segunda pesquisa, conduzida por Rita Reyburn, do IVI de Stonetown em Zanzibar (Tanzânia), estabeleceu um modelo dos efeitos de uma vacinação contra o cólera durante várias epidemias recentes no mundo.
Sua equipe provou os efeitos de uma vacinação sobre 50 a 75% da população dez semanas após o início de uma epidemia, com uma segunda dose 33 semanas depois.
Em todos os casos, os médicos constataram efeitos positivos.
Em um editorial que acompanha os dois estudos, Edward Ryan, do hospital geral de Massachusetts e da Universidade de Harvard, destacou "a importância" dos resultados obtidos frente à ineficácia dos esforços internacionais na luta contra o cólera, cujas últimas epidemias foram registradas no Haiti, Paquistão, Zimbábue, Nigéria, Angola e Vietnã.
Ryan também destaca que estas epidemias são cada vez mais frequentes e severas, e explica no editorial que a bactéria Vibrio cholerae, responsável pelo cólera, teve muitas mutações nos últimos anos.
Estas novas características da bactéria conduzem a comunidade médica e os responsáveis pela saúde pública a revisar o possível papel de uma vacina para ajudar a controlar as epidemias.
A epidemia de cólera no Haiti deixou desde meados de outubro cerca de 4 mil mortos. A doença manifesta-se com diarreia intensa, vômitos e náuseas que provocam grave desidratação.