A USP é considerada um dos lugares mais verdes de São Paulo, mas perderá árvores nos próximos meses (Pedro Zambarda/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2011 às 09h59.
São Paulo - Considerado um dos locais com mais áreas verdes na capital paulista, o câmpus da Universidade de São Paulo (USP) no Butantã, zona oeste, vai perder 1.328 árvores nos próximos meses.
Essa pequena mata vai dar lugar a um conjunto de museus planejado pela reitoria desde 2001. O corte é um dos maiores aprovados neste ano pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. A universidade será obrigada a manter no local apenas 217 árvores, além de plantar outras 6 mil mudas no local.
"O problema é que serão cortadas árvores adultas, robustas, que trazem um grande benefício para o clima daquela região. Já essas mudas só trarão efeito similar daqui a 20 ou 30 anos", disse o ambientalista Carlos Bocuhy.
A área fica do lado da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, próximo da Avenida Corifeu de Azevedo Marques. Para Bocuhy, o local é inadequado para uma obra desse porte.
"Existem várias outras áreas na USP com bem menos árvores, que trariam um impacto muito menor. É impossível que esse local, onde será necessário cortar mais de 1.300 árvores, seja a melhor alternativa nesse caso", afirma o ambientalista.
Projeto
O plano da USP é erguer no local o chamado "Parque dos Museus", um conjunto de 53 mil m² projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha que será sede do Museu de Arqueologia e Etnologia e do Museu de Zoologia.
Isso só será possível justamente por causa de uma obra considerada irregular pelo Ministério Público, que obrigou a incorporadora Brookfield a contribuir financeiramente com o projeto após danificar um sítio arqueológico no Itaim-Bibi, onde constrói um prédio.
O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP, Thiago Aguiar, afirma que não houve discussão sobre o local escolhido pela reitoria para se erguer as novas sedes dos museus.
"Esse plano de construção de novos prédios, que vai gastar R$ 240 milhões dos cofres públicos, não foi nada democrático. Não tivemos a chance de discutir nem sobre o impacto dessa obra na área verde do câmpus nem sobre sua finalidade, que também é questionável", diz.
A universidade, por sua vez, afirma que todo o processo está sendo feito de acordo com as orientações da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.