Candidato presidencial da Frante Ampla no Uruguai, Tabaré Vázquez, durante pronunciamento em Montevidéu (Andres Stapff/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2014 às 16h57.
Montevidéu - Mais de 2,6 milhões de uruguaios estão convocados às urnas no próximo domingo para escolher seu futuro presidente entre sete candidatos e definir a integração do parlamento, em pleito de votação obrigatória e que quase certamente terá um segundo turno.
O ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010), da coalizão governante de esquerda Frente Ampla, será o vencedor, segundo as últimas pesquisas, que lhe atribuem 43% dos votos, mas não chegará aos 50% mais um necessários para ganhar a presidência no primeiro turno.
Em segundo lugar aparece o deputado Luis Lacalle Pou, do conservador Partido Nacional, ou "Blanco", principal força da oposição (com pouco mais de 30%), e bastante mais abaixo (15%) o senador Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, tradicionalmente governante no Uruguai, mas agora segunda força da oposição.
Pablo Mieres é o candidato do Partido Independente, o quarto com representação parlamentar, embora apenas testemunhal (3%).
Também aspiram à presidência uruguaia, mas com um apoio de apenas 1%, Gonzalo Abella, candidato da Unidade Popular, César Vega, do Partido Ecologista Radical Intransigente, e Rafael Fernández, do Partido dos Trabalhadores.
Tudo parece indicar que Vázquez e Lacalle Pou deverão disputar a presidência do Uruguai em um segundo turno fixado para o dia 30 de novembro.
Além disso, os uruguaios comparecerão a 6.948 centros de votação de todo o país para definir a integração do futuro parlamento, formado por 31 senadores, incluído o vice-presidente da República, e 99 deputados representantes dos 19 departamentos.
A maior quantidade de votos, mais de um milhão, se concentram na capital Montevidéu, bastião da Frente Ampla.
A coalizão de esquerda, que agrupa uma dúzia de partidos, entre eles socialistas, comunistas, marxistas, social-democratas, independentes e os ex-guerrilheiros tupamaros do presidente José Mujica, tem atualmente a maioria tanto no Senado como na Câmara dos Deputados, mas, segundo as enquetes, as perderá.
A legislação uruguaia obriga os partidos políticos a concorrer às urnas com apenas um candidato à presidência, definidos quatro meses antes em eleições internas, mas permite a apresentação ilimitada de listas de aspirantes a senadores e deputados.
Assim, os diferentes grupos e setores que respaldam os diferentes candidatos estão presentes nas ruas do país com bandeiras e cartazes com as cores e números que identificam suas propostas.
A isso se somam as músicas e vídeos escolhidos para promover cada candidatura, e que se repetem sem cessar em canais de televisão, rádios e áreas públicas.
As eleições presidências e legislativas foram separadas dos pleitos departamentais que estão marcados para maio de 2015.
O vencedor das eleições receberá o comando presidencial em 1º de março de 2015 das mãos de José Mujica.
"Pepe" Mujica deixará a presidência com altos níveis de popularidade em um país onde a reeleição está proibida pela Constituição.
O presidente, de 79 anos e que arrasta problemas de saúde derivados da mais uma década que ficou preso em duras condições antes e durante a ditadura (1975-1985), aceitou liderar a lista ao Senado de seu setor, o Movimento de Participação Popular (MPP).
Isso, segundo disse, porque a provável perda da maioria parlamentar fará com que a próxima legislatura seja de "muito diálogo e negociação", condições pela qual lhe reconhecem até seus opositores.
De maneira simultânea às eleições, os uruguaios deverão definir sobre um projeto de reforma da Constituição para diminuir de 18 a 16 anos a idade de imputabilidade penal para os menores que cometam crimes graves.
O tema divide a população praticamente meio a meio, independentemente da preferência política, embora o maior apoio esteja nos setores conservadores.
A segurança pública é a principal preocupação dos uruguaios e foi o tema que gerou as mais fortes discussões na campanha eleitoral.