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Uruguai investiga enfermeiros acusados de matar 16

Um dos aspectos chamativos do caso é que até agora não foi comprovado que os acusados executaram suas vítimas de forma coordenada

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2012 às 18h05.

Montevidéu - A polícia uruguaia recebeu diversas denúncias de mortes suspeitas após a prisão de dois enfermeiros acusados do homicídio de 16 pacientes, enquanto as autoridades anunciaram investigações administrativas nos hospitais onde os assassinatos ocorreram.

O caso de dois enfermeiros processados no domingo à noite pelo homicídio de ao menos 16 pacientes, tendo uma enfermeira como cúmplice, horrorizou a sociedade uruguaia - onde não há antecedentes de casos deste tipo - e comoveu o setor médico, especialmente nas duas instituições onde as mortes ocorreram.

"Já estão chegando mais denúncias, estamos trabalhando com cada uma", disse à AFP o delegado Angel Rosas, do Diretório Geral de Luta contra o Crime Organizado e da Interpol, a cargo da investigação.

"Isso gera muita comoção pública e pessoas que tiveram dúvidas sobre a morte de algum de seus familiares nestes hospitais se preocupam e se dirigem à polícia", completou.

Um dos aspectos chamativos do caso é que até agora não foi comprovado que os acusados - um dos quais confessou 11 assassinatos e o outro cinco - executaram suas vítimas de forma coordenada.

De qualquer forma, "os dois enfermeiros e a enfermeira trabalhavam todos juntos em um hospital, de forma que se conheciam", disse Rosas.

Segundo revelou o juiz Rolando Vomero que acompanha o caso, , os acusados afirmaram que atuaram "porque não queriam ver as pessoas sofrerem", algo ratificado pelos advogados de defesa.

No entanto, tanto a polícia como as autoridades sanitárias descartaram essa versão.


"Para nós, são condutas criminosas. A hipótese de piedade cai por terra quando lembramos que o caso que detonou tudo foi o de uma pessoa que já tinha recebido alta e morreu devido à atuação de uma das pessoas", enfatizou Rosas.

Apesar de a primeira denúncia ter sido feita em janeiro, o caso que acelerou as investigações ocorreu na semana passada, com a morte de Santa Gladys Lemos, uma mulher diabética de 74 anos que tinha recebido alta após 12 dias de hospitalização.

"Nos disseram que ela tinha morrido de infarto. Mas com a autópsia, descobrimos que não foi um infarto, foi trombose", relatou nesta segunda-feira sua filha Miriam Rodríguez à imprensa local. No domingo, a família foi informada de que a morte da mulher ocorreu após uma injeção de lidocaína (anestésico).

Essa morte ocorreu "no turno de uma das pessoas que a polícia está investigando", explicou Rosas, o que aumentou as suspeitas dos investigadores.

Enquanto a imprensa afirma que os envolvidos poderão ser responsabilizados por dezenas ou inclusive centenas de mortes, nem as autoridades sanitárias nem a polícia querem dar cifras sobre a quantidade de casos suspeitos ou sobre há quanto tempo os assassinatos vem ocorrendo.

O Ministério de Saúde Pública (MSP) anunciou nesta segunda-feira investigações administrativas nos dois hospitais onde as mortes ocorreram e convocará um especialista estrangeiro que assessore o órgão em matéria de controles, para o que iniciou consultas com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O MSP iniciará também nos próximos dias uma série de inspeções no setor privado e público de todas as unidades de cuidados especiais, enquanto a Comissão de Segurança do Paciente trabalhará no aumento dos controles no setor e na elaboração de um guia prático para atuar diante de casos de morte "sem diagnóstico claro".

Os casos ocorreram em um CTI neurocirúrgico privado e em uma unidade de cuidados intermediários (cardiologia) de um hospital público.

O vice-ministro de Saúde, Leonel Briozzo, explicou que "as duas situações são completamente distintas", já que no primeiro caso se trata de uma unidade "onde há pacientes muito críticos e onde são esperadas mortes", enquanto que o segundo é uma unidade onde são atendidos pacientes de menor complexidade e mortes não são esperadas.

O vice-ministro assegurou que em nenhuma das unidades os controles habituais haviam detectado aumento fora do normal do número de mortes.

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