União Europeia e Mercosul: acordo será assinado no dia 20 de dezembro, no Rio de Janeiro (iStock/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 16h28.
Embaixadores e representantes diplomáticos de países da União Europeia (UE) demonstram otimismo quanto à assinatura do texto final do acordo com o Mercosul, prevista para 20 de dezembro.
Segundo interlocutores do bloco, o clima entre os principais governos europeus, com exceção de França e Polônia, é de “agora ou nunca”.
Negociado desde o fim da década de 1990, o acordo poderá ser implementado em poucos meses após a assinatura, caso receba o aval do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu, instância que reúne os chefes de Estado ou de governo dos 27 países-membros, além dos presidentes do Conselho e da Comissão Europeia.
O avanço do tratado ganhou peso no atual cenário geopolítico, em que a Europa busca reforçar a defesa do multilateralismo e do livre-comércio diante da ampliação de políticas protecionistas no mundo, especialmente nos Estados Unidos.
Um dos passos considerados decisivos ocorre nesta segunda-feira, 8, com a votação, na Comissão do Comércio Internacional (Inta) do Parlamento Europeu, das salvaguardas agrícolas ao texto do tratado.
A expectativa é de aprovação das salvaguardas, o que pode levar a França, principal país ainda contrário ao acordo por pressão de agricultores, a reduzir sua resistência ou até a se abster na votação do Conselho Europeu, marcada para 18 de dezembro.
Se aprovadas pela Inta, as salvaguardas ainda precisam passar pelo plenário do Parlamento Europeu. Também cabe aos parlamentares votar o texto final antes da deliberação no Conselho. Representantes de países como Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, Bélgica, Países Baixos e Portugal avaliam que o aval pode sair até o dia 18, abrindo caminho para a assinatura do acordo no Brasil em 20 de dezembro.
No Conselho Europeu, o voto da Itália é considerado o fiel da balança. Apesar das pressões de seu setor agrícola, o governo de Giorgia Meloni já se declarou satisfeito com o texto e deve votar a favor.
A posição italiana é vista como crucial porque as decisões exigem apoio de ao menos 15 dos 27 países e de Estados que representem, juntos, pelo menos 65% da população do bloco. Com 58 milhões de habitantes, a Itália é o terceiro país mais populoso da UE, atrás apenas de Alemanha e França.
O apoio italiano tende a contrabalançar a oposição da França, com 68 milhões de habitantes, e da Polônia, com 38 milhões.
A posição favorável do governo italiano se soma ainda ao apoio da Alemanha, com 84 milhões de pessoas, e da Espanha, com 49 milhões.
Após a assinatura, as cláusulas comerciais do acordo já passariam a valer, enquanto os aspectos políticos ainda dependerão de ratificação pelos países-membros da UE e do Mercosul.
*Com informações do Globo