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Unasul considera condenação a possível ataque à Síria

EUA dizem ter fortes indícios de que forças governamentais sírias realizaram um ataque com gás contra subúrbios de Damasco dominados por rebeldes


	Menino com a bandeira da Síria durante protestos em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York
 (Adrees Latif/Reuters)

Menino com a bandeira da Síria durante protestos em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York (Adrees Latif/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2013 às 22h24.

Paramaribo - Os presidentes sul-americanos reunidos nesta sexta-feira no Suriname para uma cúpula anual preparam uma firme condenação à possível intervenção militar dos Estados Unidos e de seus aliados na Síria em retaliação ao suposto uso de armas químicas contra civis.

Os EUA dizem ter fortes indícios de que forças governamentais sírias realizaram um ataque com gás contra subúrbios de Damasco dominados por rebeldes, matando 1.429 pessoas, sendo 426 crianças. A França também se mostra inclinada por uma ação militar junto com Washington.

"Tomara que desta cúpula saia uma declaração clara, frontal, sem medo. Ninguém quer uma ditadura, nem atentar contra direitos humanos", disse o presidente equatoriano, Rafael Correa, ao chegar a Paramaribo.

Os governos de Brasil, Argentina, Equador e Venezuela já manifestaram nesta semana seu rechaço à possível intervenção.

Em uma reunião preparatória para a cúpula, os chanceleres do bloco regional União de Nações Sul-Americanas (Unasul) tiveram divergências sobre uma declaração conjunta, mas conseguiram preparar um texto a ser levado aos presidentes da região, entre os quais há vários esquerdistas que se contrapõem habitualmente aos EUA.

"Independentemente de sair uma resolução, nós, aqui na América do Sul, vamos dizer nossa posição: paz, paz e mais paz", disse o presidente socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, que prometeu enviar uma carta ao seu colega norte-americano, Barack Obama, pedindo que ele evite o ataque.

Regressão Paraguaia

A 7ª cúpula de chefes de Estado da Unasul marca também a estreia internacional do novo presidente paraguaio, Horacio Cartes, e o regresso do país ao fórum regional após mais de um ano de isolamento.

Embora não haja previsão de um encontro bilateral, os meios de comunicação paraguaios dizem que é possível uma reunião "espontânea" entre Cartes e Maduro. O governo paraguaio que antecedeu a Cartes havia declarado o venezuelano como "persona non grata".


O conservador Cartes, que tomou posse em 15 de agosto, não convidou Maduro para a cerimônia, apesar de Caracas manifestar o desejo de regularização das relações bilaterais, suspensas depois do sumário processo de impeachment que depôs o presidente socialista Fernando Lugo em junho de 2012.

Por causa disso, o Paraguai acabou sendo temporariamente excluído da Unasul e do Mercosul, porque os dois blocos entenderam a destituição de Lugo como uma quebra da normalidade democrática. As restrições foram suspensas com a posse de Cartes, um rico empresário eleito em abril.

A presidente Dilma Rousseff e o boliviano Evo Morales também aproveitaram a ida ao Suriname para discutir em particular o impasse causado pela recente fuga para o Brasil do senador boliviano Roger Pinto Molina, acusado de corrupção na Bolívia.

Pinto Molina, que passou mais de um ano refugiado na embaixada do Brasil em La Paz, fugiu para o Brasil em uma operação organizada por um diplomata brasileiro, à revelia de Brasília. O governo boliviano se queixou ao Brasil pelo episódio, que acabou resultando na demissão do chanceler brasileiro, Antonio Patriota.

"Nenhum governo pode encobrir, nem proteger, nem defender corruptos. Sinto que alguns grupos no Brasil querem nos confrontar com a companheira Dilma, mas não vão conseguir", disse Morales em entrevista coletiva.

"Desde o governo do companheiro Lula tantos problemas resolvemos, e vamos buscar esse caminho (com Dilma)", acrescentou.

Também participam da cúpula o presidente do Peru, Ollanta Humala, o anfitrião Dési Bouterse e o mandatário da Guiana, Donald Ramotar.

Os presidentes de Argentina, Cristina Kirchner; do Chile, Sebastián Piñera; da Colômbia, Juan Manuel Santos; e do Uruguai, José Mujica, não participam, mas estão representados por seus chanceleres ou vice-presidentes.

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