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Uma União Europeia dividida enfrenta seu futuro além do Brexit

Bloco se tornou nos últimos anos cada vez mais propenso a brigas, com estados em desacordo em relação à economia e como lidar com os migrantes

Protestos contra o Brexit: próximo orçamento da UE terá de enfrentar o vácuo deixado pela saída do Reino Unido (Henry Nicholls/Reuters)

Protestos contra o Brexit: próximo orçamento da UE terá de enfrentar o vácuo deixado pela saída do Reino Unido (Henry Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 09h12.

Os líderes da União Europeia discutirão nesta sexta-feira um novo plano orçamentário que poderá permitir que o bloco gaste até 1,1 trilhão de euros no período entre 2021 e 2027, mas divisões profundas entre os governos poderiam impedir um acordo por meses.

Sob uma proposta preparada pela Finlândia, que detém a presidência rotativa da UE, o próximo orçamento de longo prazo deve ter uma capacidade financeira entre 1,03% e 1,08% da Renda Nacional Bruta (RNB) do bloco, uma medida da produção.

Isso permitiria à UE gastar entre 1 e 1,1 trilhão de euros por sete anos com seu primeiro orçamento após a saída do Reino Unido, um dos principais contribuintes para os cofres europeus.

O documento, visto pela Reuters, é menos ambicioso do que as propostas apresentadas pela Comissão Europeia, o braço executivo da UE, que busca um orçamento equivalente a 1,1% da renda nacional bruta. O parlamento europeu pediu um orçamento ainda mais alto de 1,3% da renda.

No entanto, a proposta finlandesa vai além do limite de 1% estabelecido pela Alemanha, a maior economia do bloco.

A solução de meio-termo da Finlândia desagradou a maioria dos 27 estados da UE, disseram autoridades do bloco, antecipando longas negociações antes que um acordo possa ser alcançado.

"O texto causou insatisfação quase unânime", afirmou um diplomata envolvido nas negociações.

As conversas sobre orçamentos estão tradicionalmente entre as mais divisivas em um bloco que nos últimos anos se tornou cada vez mais propenso a brigas, já que seus Estados estão em profundo desacordo em relação a políticas econômicas, reformas financeiras e como lidar com os migrantes.

"Ainda estamos muito longe uns dos outros, resta muito trabalho por fazer para conseguir o avanço do planejamento financeiro", admitiu a próxima presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Além disso, os europeus desejam financiar novas prioridades, como o desenvolvimento militar, o setor digital ou a proteção das fronteiras, sem deixar de lado as políticas agrícolas e de coesão tradicionais entre as regiões.

O próximo orçamento da UE terá de enfrentar o vácuo deixado pela saída do Reino Unido, um contribuinte líquido, que a Comissão estima calcula como uma perda de 12 bilhões euros no primeiro ano e de 84 bilhões para todo o período.

Os europeus não conseguiram aprovar o início das negociações de adesão com a Macedônia do Norte e a Albânia, especialmente pela oposição da França.

"Quando pedimos aos países vizinhos que façam um esforço adicional para mudar e eles fazem isto é nosso dever igualar este esforço", alertou, em vão, o presidente da Eurocâmara, David Sassoli.

"A ampliação exige unanimidade e simplesmente não temos unanimidade", declarou o primeiro-ministro da Letônia, Krisjanis Karin.

 

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