Mundo

Uma a cada 3 vítimas de tráfico humano é menor, denuncia ONU

A organização denunciou que uma a cada três vítimas do tráfico humano no mundo é menor de idade, 5% a mais em comparação aos dados anteriores


	Mulheres encontradas em condições análogas à escravidão: elas são 70% das vítimas
 (Bianca Pyl / Repórter Brasil)

Mulheres encontradas em condições análogas à escravidão: elas são 70% das vítimas (Bianca Pyl / Repórter Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2014 às 12h08.

Viena - A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta segunda-feira, em Viena, que uma a cada três vítimas de tráfico humano no mundo é menor de idade - um aumento de 5% em comparação aos dados anteriores - e que as mulheres representam 70% das atingidas por esta "forma de escravidão moderna".

O "Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas" do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) analisa a situação deste crime contra os direitos humanos, com dados de 40 mil casos relatados entre 2010 e 2012. Os números mostram que se trata de um problema mundial, que atinge 152 países de origem e 124 países de destino, e que os casos documentados são apenas "a ponta do iceberg" de uma situação que afeta "milhões" de pessoas, explicou à Agência Efe a pesquisadora-chefe do relatório, Kristiina Kangaspunta.

O tráfico humano consiste em recrutar, transportar e reter uma pessoa mediante o uso da força, coerção ou engano, a fim de explorá-las, não apenas com fins de trabalho ou sexuais, mas também para mendigar e, inclusive, para o tráfico de órgãos.

A exploração sexual é, na escala global, o tipo de abuso mais frequente. Ele representa 53% dos casos, segundo a UNODC, que indica que existem grandes diferenças regionais a respeito. Assim, se na Ásia e na África os casos detectados são, em sua maioria, de exploração laboral, na Europa é mais frequente a sexual e na América são detectadas ambas as situações.

Os trabalhos forçados, no setor manufatureiro, têxtil, da construção e em trabalhos domésticos, aumentaram de maneira constante nos últimos cinco anos, denuncia a ONU, ao precisar que 35% das vítimas são mulheres. Em algumas regiões, como a África e o Oriente Médio, a maioria das vítimas são menores, contabilizando 62% do total, enquanto na Europa representam 18%, indica a entidade.

Também estão crescendo os casos de exploração para fins não sexuais ou de trabalho forçado, como a mendicidade, pequenos furtos ou forçar menores a combater em conflitos armados, adverte o relatório.

Outro problema deste crime é a impunidade dos autores por conta da complexidade transnacional do delito, unido a brechas da lei ou à existência de funcionários que carecem de preparo para persegui-los. A impunidade, unida aos grandes lucros econômicos dos exploradores, já que o delito gera US$ 32 bilhões anuais, faz com que essa seja uma atividade atrativa para o crime organizado, indica a ONU.

O relatório destaca que em 40% dos países foram registrados pouca ou nenhuma condenação por este delito, e nos últimos dez anos não houve qualquer aumento apreciável na resposta penal contra o tráfico humano. A grande maioria dos condenados, 72%, são homens e cidadãos do país no qual exploraram suas vítimas, segundo o relatório.

"Muitas pessoas vivem em países com leis que não estão em conformidade com os padrões internacionais que possam dar-lhes plena proteção", alertou o diretor-executivo de UNODC, Yury Fedotov, que cifrou em dois bilhões as pessoas que vivem com legislações deste tipo.

A ONU adverte que este delito "escondido" acontece em todos os lugares do planeta e Kristiina, a investigadora responsável do estudo, assegura: "todos já vimos alguma vítima de tráfico humano, mas não a reconhecemos".

Fedetov, por sua vez, solicita aos governos que enviem "um claro sinal de que o crime não será tolerado", e exige aos Estados que castiguem os responsáveis deste delito e protejam às vítimas.

Acompanhe tudo sobre:CriançasCrimeMulheresONU

Mais de Mundo

Trump nomeia apresentador da Fox News como secretário de defesa

Milei conversa com Trump pela 1ª vez após eleição nos EUA

Juiz de Nova York adia em 1 semana decisão sobre anulação da condenação de Trump

Parlamento russo aprova lei que proíbe 'propaganda' de estilo de vida sem filhos