Hong Kong: 100 estudantes estão aquartelados em universidade politécnica (Adnan Abidi/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2019 às 05h59.
Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 06h31.
Iniciados há cinco meses, os protestos por liberdade em Hong Kong escalaram para um confronto entre estudantes e forças policiais nas últimas semanas num ritmo que parecia irrefreável. Até que, nesta terça-feira, a chefe do executivo da cidade, Carrie Lam, pediu que a polícia tente resolver de forma “humana” a situação. É um apelo ao bom senso vindo do poder central inesperada por observadores internacionais.
Lam é, desde a largada, figura central na onda de protestos. Foi dela a iniciativa de passar uma lei que permitiria a extradição de moradores de Hong Kong para julgamento na China continental pelos mais variados tipos de crimes. Cidadãos da ilha, que gozam de liberdade política mesmo com a devolução do território à China, há 22 anos, foram às ruas protestar de forma pacífica contra a medida.
Os protestos foram ganhando corpo, e se tornando mais e mais violentos na medida que o governo local restringiu a área de atuação dos manifestantes. Primeiro, Lam prometeu não levar o projeto adiante e depois, em outubro, abandonou-o definitivamente.
Mas, assim como aconteceu em outros lugares do mundo, as ruas continuaram cheias, numa demanda mais ampla por mais liberdade que exigia, entre outras mudanças, a saída da governante.
Lam foi eleita em 2017 com explícito apoio de Pequim mesmo após a primeira onda de protestos por liberdade na ilha, a revolução dos guarda-chuvas, em 2014. A demanda, então, era por eleições independentes. O governo local é eleito por um comitê com 1.194 membros, muitos deles aliados ao governo central. A governantes se comprometeu a defender o lema “um país, dois sistemas”, que garante a Hong Kong liberdade de expressão (com imprensa e internet sem censura) e Judiciário independente.
Nas últimos semanas, os protestos escalaram com denúncias de interferência de forças militares chinesas. Um estudante morreu e outro ficou gravemente ferido ao ser atingido a queima roupa por um policial. Um grupo de 100 manifestantes se aquartelou na universidade politécnica, cercado pela polícia, numa batalha que já deixou 200 feridos.
O novo chefe da polícia local, que chegou a ameaçar usar armas letais em larga escala, afirmou que 30.000 homens estão trabalhando para conter as manifestações. O embaixador da China em Londres acusou ontem países estrangeiros, incluindo Reino Unido e Estados Unidos, de interferir nos assuntos internos chineses ao comentar os confrontos em Hong Kong. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que o governo local é o maior responsável por assegurar um retorno à calma.
Hong Kong é uma mostra de que o presidente chinês Xi Jinping não está disposto a concessões democráticas. A questão em aberto é até onde o ocidente está disposto a ir na reação.