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UE: Sérvia superou principal empecilho à sua adesão

Bloco elogiou a prisão do ex-general Ratko Mladic, acusado de crimes contra a humanidade

Catherine Ashton, chefe da diplomacia do bloco: a prisão "acelera o processo de integração da Sérvia à UE" (Peter Macdiarmid/GETTY IMAGES)

Catherine Ashton, chefe da diplomacia do bloco: a prisão "acelera o processo de integração da Sérvia à UE" (Peter Macdiarmid/GETTY IMAGES)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2011 às 15h04.

Bruxelas/Belgrado - A União Europeia afirmou nesta quinta-feira que a Sérvia superou o maior obstáculo para sua adesão após a detenção do ex-general sérvio-bósnio Ratko Mladic, uma clara demonstração de sua vontade de cooperar com o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII).

Com a detenção de Mladic, sobre quem pesam 15 acusações de crimes de guerra e lesa-humanidade, incluindo o de genocídio, a Sérvia passa a ter uma opinião mais positiva de parte da Comissão Europeia com relação aos seus esforços para colaborar com a Justiça e fechar as feridas das guerras da Iugoslávia.

A detenção desta quinta-feira de Mladic coincidiu com a visita a Belgrado da Alta Representante para a Política Externa europeia, Catherine Ashton, quem declarou que essa prisão "acelera o processo de integração da Sérvia à UE".

Ashton lembrou as vítimas do conflito, especialmente as do massacre de 8 mil pessoas em Srebrenica (1995), e ressaltou que espera que Mladic seja transferido "o mais rápido possível" à sede do TPII, em Haia.

"A Sérvia está mais perto da UE do que nunca, pois com a detenção superou o principal obstáculo que havia à sua adesão", afirmou igualmente satisfeito pela notícia o comissário para o Alargamento e a Política Europeia de Vizinhança, Stefan Füle.

Junto com o procurador-geral do TPII, Serge Brammerz, as maiores felicitações foram para as autoridades sérvias que, segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, realizaram uma "ação corajosa" ao deter Mladic, quem acreditam nunca deixou o país.

"A detenção de Ratko Mladic envia um sinal muito positivo à União Europeia e aos vizinhos da Sérvia" disse à imprensa Barroso na cúpula do Grupo dos Oito (G8, que reúne as maiores potências mundiais) em Deauville, na França.

A partir dessa cúpula, o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, ressaltou "o compromisso e a liderança pessoal do presidente sérvio Boris Tadic" na detenção.

O próximo passo da adesão da Sérvia à União Europeia ocorrerá em 10 de outubro, quando a Comissão Europeia dê sua opinião sobre a idoneidade da Sérvia para entrar na UE e se o país merece o estatuto de "candidato".

A Sérvia apresentou a solicitação formal de adesão de seu país à UE em 22 de dezembro de 2009. Anteriormente, a aproximação sérvia à região esteve bloqueada durante anos pela Holanda, que rejeitou conceder um acordo de estabilização e associação, considerado a antessala da adesão, até perceber uma maior cooperação de Belgrado com o TPII.

Holanda só levantou o veto para o acordo em 7 de dezembro de 2009, quando flexibilizou sua postura após a divulgação de um relatório positivo emitido por Brammertz, diante da ONU sobre a cooperação com Haia de Belgrado.

O presidente Boris Tadic, ao apresentar a solicitação formal de adesão, destacou "o consenso da sociedade (sérvia) com relação à orientação europeia" do país e seu ingresso na UE.

Mladic, chamado de "Carniceiro da Bósnia", escondia-se sob uma identidade falsa na cidade Zrenjanin, no norte do país, onde vivia.

Entre as 15 acusações de que é acusado no TPII destaque para a de genocídio, pela morte de 8 mil bósnios muçulmanos na cidade de Srebrenica durante a guerra da Bósnia (1992-95).

Com a sua detenção já estão atrás das grades os três grandes criminosos de guerra da ex-Iugoslávia: Slobodan Milosevic, Radovan Karadzic e Ratko Mladic.

Só fica pendente agora a prisão de Goran Hadzic, antigo líder dos sérvios da Croácia, lembrou o comissário Füle.

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