UE condena Armênia após prisão de opositores e manifestantes
Na maior crise política em uma década, dezenas de milhares de opositores marcharam pela capital Yerevan
Reuters
Publicado em 22 de abril de 2018 às 17h54.
Yerevan - A polícia da Armênia prendeu três líderes da oposição e quase 200 manifestantes neste domingo, despertando condenações da União Europeia, após os protestantes exigirem a renúncia do primeiro-ministro, Serzh Sarksyan.
Ativistas acusam Sarksyan, de 63 anos, de se apegar ao poder depois que o Parlamento o nomeou primeiro-ministro neste mês, após 10 anos como presidente.
Na maior crise política em uma década, dezenas de milhares de opositores marcharam pela capital Yerevan, bloqueando ruas.
Os protestos, apesar de pacíficos até agora, ameaçam desestabilizar um importante aliado russo em uma região instável dividida por um longo conflito entre a Armênia e o Azerbaijão e seria um exemplo raro de poder popular causando reformas na ex-União Soviética.
Críticos acusam Sarksyan por governar a nação do Cáucaso Meridional com cerca de 3 milhões de pessoas por muito tempo, de estar próximo demais da Rússia, que tem bases militares dentro da Armênia, e de fazer muito pouco para combater a corrupção.
Sarksyan afirma que seu país precisa dele e que seu partido conta com apoio popular em larga escala.
Sob uma constituição revisada aprovada em um referendo de 2015, a maioria dos poderes estaduais transferiu-se para o primeiro-ministro enquanto a presidência se tornou um cargo em grande parte cerimonial.
Em comunicado, a polícia disse que o político da oposição Nikol Pashinyan e outros dois legisladores foram “removidos à força” de um protesto. Um repórter da Reuters testemunhou os “boinas vermelhas”, como são conhecidas as forças policiais especiais armênias, agarrarem um legislador por suas mãos e pés e levá-lo para trás do cordão policial.
A procuradora pública confirmou que três líderes da oposição foram detidos sob a suspeita de organizar um protesto ilegal.
Quase 200 pessoas foram levadas para delegacias por agentes da polícia, disse a agência de notícias Interfax, citando representantes policiais. Sete pessoas foram levadas para o hospital, informou o Ministério da Saúde em um comunicado.
De acordo com a lei, os detidos devem ser liberados dentro de 72 horas, ou um caso criminal deve ser aberto contra eles.