Posto de guarda de fronteira da Ucrânia destruído pela Rússia (Guarda de Fronteira da Ucrânia/Reuters)
Carla Aranha
Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 14h03.
Entrar em um conflito com o exército russo definitivamente não é bom negócio. A Rússia ocupa o segundo lugar do ranking dos países mais militarizados do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com gastos da ordem de 50 bilhões de dólares para a área de defesa em 2021, equivalentes a 2,7% do PIB, a Rússia possui atualmente mais de 1.500 aviões de combate, 12.420 tanques de guerra, 30.120 veículos blindados e 220 embarcações de guerra. E só de tropas ativas são 900.000 – há outros 2 milhões de militares na reserva.
A Ucrânia está bem longe disso. Com recursos muito mais escassos para a área militar, de 4,3 bilhões de dólares, o país consegue manter um contingente de 209.000 soldados, um quarto do total russo. No que diz respeito a equipamentos de guerra, a diferença é ainda mais gritante. Com apenas 40 helicópteros de ataque, contra 544 das forças armadas russas, e 98 aviões de combate – 6,5% do total russo --, a Ucrânia tem um poder de fogo bem distante do mantido por Moscou.
Essa disparidade tem facilitado a desmobilização da infraestrutura militar ucraniana. Nesta quinta, dia 24, o Ministério da Defesa russa afirmou que a defesa área da Ucrânia foi desativada e não havia resistência nas fronteiras. “As forças armadas ucranianas não apresentaram nenhuma resistência às tropas russas e a infraestrutura militar da força aérea ucraniana foi degradada”, disse o ministro Sergei Shoigu, recentemente incluído na lista de membros do governo e empresários russos que se tornaram alvo de sanções europeias.
Mísseis
A Rússia também é considerada um dos países mais avançados do mundo em outro quesito militar que pode definir o rumo de uma guerra. Parte importante dos investimentos bilionários em defesa foi direcionada para do desenvolvimento de mísseis supersônicos, capazes de voar 27 mais vezes mais rápido do que o som, desenhados para transportar ogivas militares. Como são extremamente velozes, interceptá-los é quase impossível.
Já está previsto um orçamento ainda mais robusto este ano para as forças armadas. A expectativa é chegar a 51,3 bilhões de dólares em investimentos na área. “Hoje, garantir a capacidade de defesa de nosso país continua sendo uma tarefa prioritária do Estado, enquanto as forças armadas servem como garantia segura da segurança nacional e do desenvolvimento estável e gradual da Rússia”, disse o presidente Vladimir Putin na última quarta, dia 23.
O governo russo anunciou planos de continuar a modernização do programa nuclear, uma das prioridades do Ministério da Defesa. Em dezembro do ano passado, o ministro Sergei Shoigu disse que as forças armadas russas devem receber 21 lançados com mísseis balísticos intercontinentais este ano. Os mísseis Yars, incluídos no pacote, permitem transportar até quatro ogivas nucleares independentes e contam com dispositivos de desvio de ataques inimigos. Hoje, a Rússia possui cerca de 150 mísseis Yars.
O país também desenvolveu a primeira arma hipersônica do mundo, o míssel Avangard, lançado em 2019. Quase 30 vezes mais rápido do que a velocidade do som, a arma pode mudar sua trajetória, diferentemente dos mísseis comuns, o que a torna praticamente imbatível. Este ano, a intenção é reforçar o estoque desse tipo de armamento e aprimorar ainda mais as tecnologias militares.