Kiev: Moradores da capital enchem garrafas com água de uma fonte pública em um parque, em 31 de outubro de 2022 (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 31 de outubro de 2022 às 17h14.
A Rússia lançou, na manhã desta segunda-feira (31), um ataque maciço a instalações energéticas em várias regiões da Ucrânia, privando de água 80% dos habitantes da capital do país, Kiev, e deixando "centenas de localidades" sem eletricidade em sete províncias do país.
"Terroristas russos lançaram, mais uma vez, um ataque maciço contra instalações do sistema de energia em várias regiões", declarou Kyrylo Tymoshenko, conselheiro da Presidência ucraniana.
O Exército detalhou no Telegram que foram lançados mais de 50 mísseis contra infraestruturas críticas do país e que 44 deles foram derrubados.
A Rússia, por sua vez, confirmou que atingiu as instalações energéticas na Ucrânia com "armas de alta precisão" e que "todos os alvos designados foram alcançados", segundo o Ministério russo da Defesa.
Os bombardeios acontecem depois de a Rússia anunciar, no fim de semana, a suspensão de sua participação no acordo para exportar cereais ucranianos, que aliviou a crise alimentar mundial.
Na segunda-feira, o Kremlin advertiu que seria "perigoso" e "difícil" manter o acordo sem sua participação, já que não pode garantir a segurança de navegação para os navios de carga.
Em Kiev, foram ouvidas ao menos cinco explosões, segundo jornalistas da AFP.
"Atualmente, devido à situação de emergência em Kiev, 80% dos usuários não têm água", disse no Telegram o prefeito da cidade, Vitali Klitschko.
"Engenheiros também estão trabalhando para restabelecer a eletricidade em uma instalação danificada que abastece cerca 350.000 lares em Kiev", detalhou.
"Em vez de lutar no terreno militar, a Rússia está lutando contra os civis", criticou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Mila Ryabova, uma moradora de Kiev de 39 anos, contou à AFP que acordou com o barulho de entre oito e dez "fortes explosões".
"Estamos preocupados e estamos falando em deixar o país, porque um inverno frio nos espera. Pode ser que não tenhamos eletricidade nem calefação, o que seria difícil de lidar, especialmente com um filho pequeno", disse.
Mais de 100 pessoas faziam filas no oeste da capital para encher seus galões com água de uma fonte instalada em um parque, segundo jornalistas da AFP.
Ataques similares atingiram infraestruturas em toda Ucrânia, incluindo em Lviv (oeste), Zaporizhzhia (sul) e Kharkiv (nordeste).
O governo da Moldávia disse que um míssil russo derrubado pelas defesas aéreas ucranianas caiu na segunda-feira em um povoado do norte da Moldávia, mas sem causar feridos.
O ataque de segunda-feira acontece depois que a Rússia se retirou do acordo histórico que permitia o envio de grãos através de um corredor de segurança marítima.
O acordo foi assinado em julho entre Rússia e Ucrânia com mediação de Turquia e ONU para desbloquear as exportações de grãos.
No sábado, porém, a Rússia anunciou sua retirada do acordo, após acusar Kiev de um ataque "maciço" com drones contra sua frota do Mar Negro, o que a Ucrânia classificou de "falso pretexto".
Os ministros de Defesa de Rússia e Turquia, Serguei Shoygu e Hulusi Akar, respectivamente, conversaram hoje por telefone sobre a saída de Moscou do acordo.
Apesar da decisão da Rússia de abandonar o pacto, dois navios carregados com grãos e outros produtos agrícolas zarparam dos portos ucranianos hoje, segundo um site de tráfego marítimo.
Citando o procurador-geral Anatoly Kostin, a agência Interfax-Ucrânia informou, por sua vez, que 9.400 crianças tinham sido deportadas da Ucrânia pela Rússia.
"Consideramos esses fatos como um crime de guerra e genocídio", disse.
Além disso, a Noruega, país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e que compartilha fronteira com a Rússia no Ártico, anunciou que elevará seu nível de alerta militar por causa da guerra.
Um grande ataque russo atingiu instalações de energia em várias regiões da Ucrânia nesta segunda-feira, deixando 80% dos usuários na capital Kiev sem água e centenas de cidades em sete regiões do país sem energia.
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