Kiev - O governo ucraniano afirmou nesta quarta-feira que não permitirá a entrada de um gigantesco comboio russo com ajuda humanitária que se aproxima da fronteira, por temer, assim como as potências ocidentais, que o mesmo possa acobertar uma intervenção militar.
"Nenhum 'comboio humanitário' do presidente Vladimir Putin passará pela região de Kharkov", destacou o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, a respeito da área do nordeste do país controlada por Kiev e por onde Moscou anunciou que entraria a coluna de caminhões que partiu na terça-feira da Rússia.
"O cinismo dos russos não tem limites. Primeiro nos entregam tanques, (lança-foguetes múltiplos) Grad, terroristas e bandidos que matam ucranianos e depois nos enviam água e sal", disse o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk.
De acordo com Moscou, o comboio transporta mais de 1.800 toneladas de alimentos, medicamentos e geradores para os moradores do leste da Ucrânia, que sofrem há quatro meses com o conflito entre separatistas pró-Rússia e as forças ucranianas.
Kiev e as potências ocidentais acusam a Rússia de armar os separatistas, o que Moscou nega.
O comboio, de mais de três quilômetros e com entre 262 e 287 caminhões, segundo diversas fontes russas, prosseguia a viagem nesta quarta-feira. No meio da tarde estava a centenas de quilômetros da fronteira ucraniana.
A chegada ao posto de fronteira de Chebekino-Pletnevka, entre a região de Belgorod (sul da Rússia) e Kharkov (nordeste da Ucrânia), está prevista para a noite de quarta-feira, segundo Moscou.
Cavalo de Troia russo
Tanto Kiev como o Ocidente suspeitam que o comboio poderia ser uma versão moderna do cavalo de Troia: uma ajuda humanitária que esconderia uma operação de desestabilização ou reforços para os separatistas pró-Rússia.
A modalidade exata da ajuda russa é objeto de negociações há dois dias.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou na terça-feira que recebeu na terça-feira a aprovação de Kiev.
Mas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Kiev declarou à AFP que prosseguiam as conversas.
"Ainda devem ser decididos muitos aspectos entre os governos e o CICV", declarou o porta-voz Andre Loersch.
"O CICV precisa de mais detalhes sobre a composição do comboio", completou Loersch
A Ucrânia exigia a princípio a retirada da carga na fronteira e a transferência para caminhões supervisionados pelo CICV, para que o material fosse levado prioritariamente à população do reduto separatista de Lugansk.
Mas os russos argumentaram que a transferência levaria muito tempo e apresentaram a proposta de, após uma inspeção na fronteira, continuidade da viagem em seus caminhões sob a supervisão do CICV, com representantes da Cruz Vermelha, da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e do governo ucraniano a bordo.
Moscou denuncia que a situação humanitária em Lugansk, onde não existe energia elétrica ou água corrente, é "crítica".
Mas a principal ofensiva do exército ucraniano acontece em outra cidade, Donetsk, que Kiev pretende isolar.
Os ataques de artilharia da Ucrânia parecem ter debilitado consideravelmente as posições separatistas, mas também provocaram muitas vítimas civis.
Doze membros do movimento ultranacionalista Pravy Sektor, que combatem ao lado das forças ucranianas, morreram nesta quarta-feira em uma emboscada em Donetsk.
O exército ucraniano anunciou 11 mortes em 24 horas.
A ONU calcula em 1.300 o número de mortos desde o início dos combates no leste da Ucrânia e em 285.000 o número de moradores obrigados a fugir de suas casas.
Putin deve comandar nesta quarta-feira uma reunião do Conselho Nacional de Segurança na Crimeia, a península ucraniana que a Rússia anexou em março, onde na quinta-feira pronunciará um discurso aos deputados russos.
-
1. Velas e armas
zoom_out_map
1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
-
2. Pelo chão
zoom_out_map
2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
-
3. Memória saqueada
zoom_out_map
3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
-
4. Sem destino
zoom_out_map
4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
-
5. Caixa-preta
zoom_out_map
5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
-
6. Represália Europeia
zoom_out_map
6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
-
7. Maioria holandesa
zoom_out_map
7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
-
8. Domingo de homenagem
zoom_out_map
8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
-
9. Em busca da cura
zoom_out_map
9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
-
10. EUA diz que sabe
zoom_out_map
10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
-
11. Artigo editado
zoom_out_map
11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
-
12. Duas tragédias no ano
zoom_out_map
12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
-
13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
zoom_out_map
13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)