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Ucrânia sobe o tom contra suposto comboio humanitário russo

Governo ucraniano afirmou que não permitirá entrada de um gigantesco comboio russo com ajuda humanitária que se aproxima da fronteira

Comboio russo de ajuda humanitária para a Ucrânia em estrada (Maxim Shemetov/Reuters)

Comboio russo de ajuda humanitária para a Ucrânia em estrada (Maxim Shemetov/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2014 às 10h20.

Kiev - O governo ucraniano afirmou nesta quarta-feira que não permitirá a entrada de um gigantesco comboio russo com ajuda humanitária que se aproxima da fronteira, por temer, assim como as potências ocidentais, que o mesmo possa acobertar uma intervenção militar.

"Nenhum 'comboio humanitário' do presidente Vladimir Putin passará pela região de Kharkov", destacou o ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, a respeito da área do nordeste do país controlada por Kiev e por onde Moscou anunciou que entraria a coluna de caminhões que partiu na terça-feira da Rússia.

"O cinismo dos russos não tem limites. Primeiro nos entregam tanques, (lança-foguetes múltiplos) Grad, terroristas e bandidos que matam ucranianos e depois nos enviam água e sal", disse o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk.

De acordo com Moscou, o comboio transporta mais de 1.800 toneladas de alimentos, medicamentos e geradores para os moradores do leste da Ucrânia, que sofrem há quatro meses com o conflito entre separatistas pró-Rússia e as forças ucranianas.

Kiev e as potências ocidentais acusam a Rússia de armar os separatistas, o que Moscou nega.

O comboio, de mais de três quilômetros e com entre 262 e 287 caminhões, segundo diversas fontes russas, prosseguia a viagem nesta quarta-feira. No meio da tarde estava a centenas de quilômetros da fronteira ucraniana.

A chegada ao posto de fronteira de Chebekino-Pletnevka, entre a região de Belgorod (sul da Rússia) e Kharkov (nordeste da Ucrânia), está prevista para a noite de quarta-feira, segundo Moscou.

Cavalo de Troia russo

Tanto Kiev como o Ocidente suspeitam que o comboio poderia ser uma versão moderna do cavalo de Troia: uma ajuda humanitária que esconderia uma operação de desestabilização ou reforços para os separatistas pró-Rússia.

A modalidade exata da ajuda russa é objeto de negociações há dois dias.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou na terça-feira que recebeu na terça-feira a aprovação de Kiev.

Mas o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Kiev declarou à AFP que prosseguiam as conversas.

"Ainda devem ser decididos muitos aspectos entre os governos e o CICV", declarou o porta-voz Andre Loersch.

"O CICV precisa de mais detalhes sobre a composição do comboio", completou Loersch

A Ucrânia exigia a princípio a retirada da carga na fronteira e a transferência para caminhões supervisionados pelo CICV, para que o material fosse levado prioritariamente à população do reduto separatista de Lugansk.

Mas os russos argumentaram que a transferência levaria muito tempo e apresentaram a proposta de, após uma inspeção na fronteira, continuidade da viagem em seus caminhões sob a supervisão do CICV, com representantes da Cruz Vermelha, da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) e do governo ucraniano a bordo.

Moscou denuncia que a situação humanitária em Lugansk, onde não existe energia elétrica ou água corrente, é "crítica".

Mas a principal ofensiva do exército ucraniano acontece em outra cidade, Donetsk, que Kiev pretende isolar.

Os ataques de artilharia da Ucrânia parecem ter debilitado consideravelmente as posições separatistas, mas também provocaram muitas vítimas civis.

Doze membros do movimento ultranacionalista Pravy Sektor, que combatem ao lado das forças ucranianas, morreram nesta quarta-feira em uma emboscada em Donetsk.

O exército ucraniano anunciou 11 mortes em 24 horas.

A ONU calcula em 1.300 o número de mortos desde o início dos combates no leste da Ucrânia e em 285.000 o número de moradores obrigados a fugir de suas casas.

Putin deve comandar nesta quarta-feira uma reunião do Conselho Nacional de Segurança na Crimeia, a península ucraniana que a Rússia anexou em março, onde na quinta-feira pronunciará um discurso aos deputados russos.

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