Exame Logo

Ucrânia reivindica ataque com drones a partir do território russo

Os ataques com drones contra Moscou e outras cidades russas atribuídos à Ucrânia são praticamente diários há vários meses

Ucrânia: primeiro dia de ano letivo que foi difícil em Kiev, onde a polícia relatou ameaças de bombas contra escolas da capital ucraniana (AFP/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 1 de setembro de 2023 às 10h56.

A Ucrânia afirmou nesta sexta-feira, 1, que o ataque recente com drones contra um aeroporto do noroeste da Rússia foi executado a partir do território russo, em plena contraofensiva para tentar liberar as zonas ocupadas.

Os ataques com drones contra Moscou e outras cidades russas atribuídos à Ucrânia são praticamente diários há vários meses. As tropas russas, no entanto, continuam bombardeando as localidades ucranianas em larga escala.

Veja também

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

Na madrugada de quarta-feira, 30, o aeroporto de Pskov, uma cidade russa próxima da fronteira com Estônia, Letônia e Belarus, a 700 quilômetros da Ucrânia, foi alvo de um ataque com drones ucranianos.

"Os drones utilizados para atacar a base aérea 'Kresty' em Pskov foram lançados a partir da Rússia", afirmou o diretor de inteligência ucraniano, Kyrylo Budanov, em uma mensagem publicada no Telegram, que inclui um link para uma entrevista que concedeu ao 'The War Zone'.

Esta é a primeira vez que Kiev reconhece operar dentro do território russo, onde foram registrados vários bombardeios com drones e supostos atos de sabotagem, além de uma série de incursões armadas por parte de combatentes russos que atuam a favor da Ucrânia.

"Operamos no território da Rússia", insistiu Budanov na entrevista ao 'The War Zone'.

De acordo com a publicação, o comandante militar não revelou se o ataque contra Pskov foi executado por seus militares ou por combatentes russos leais a Kiev.

O Kremlin se recusou a comentar a reivindicação. O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, considerou que esta é uma "prerrogativa de nossos militares".

Aviões destruídos

Budanov disse que quatro aviões de transporte militar russos IL-76 foram atingidos durante o ataque: dois foram destruídos e outros dois ficaram gravemente danificados. The War Zone publicou imagens de satélite das aeronaves incendiadas.

Na semana passada, um ataque similar atingiu a base aérea de Novgorod, uma região vizinha. Ao menos um avião militar foi atingido.

Na quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, anunciou com satisfação que o país atingiu um alvo a 700 km de distância, sem mencionar um caso específico.

"O resultado de nossas armas, as novas armas ucranianas, é 700 quilômetros. O objetivo é chegar ainda mais longe", disse.

No fim de junho, Zelensky afirmou que "a guerra estava chegando ao território da Rússia".

A Ucrânia tenta levar os combates ao território russo, ao mesmo tempo que prossegue com a contraofensiva para liberar as zonas ocupadas do leste e do sul do país. Até o momento, os avanços da operação foram limitados.

O presidente ucraniano destacou nesta sexta-feira que "não pode haver uma paz duradoura na Ucrânia, e nem sequer na Europa" até que a Rússia abandone a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, o Donbass e o restante dos territórios ocupados.

"A Crimeia, uma península que atraía turistas e empresas, é hoje um território ocupado e militarizado, incapaz de desenvolvimento", declarou Zelensky por videoconferência durante o fórum econômico 'The European House - Ambrosetti', em Cernobbio, norte da Itália.

Volta às aulas sob ameaça

Nesta sexta-feira, os estudantes retornaram às aulas tanto na Ucrânia como na Rússia.

Um primeiro dia de ano letivo que foi difícil em Kiev, onde a polícia relatou ameaças de bombas contra escolas da capital ucraniana, que passaram por uma inspeção. As autoridades, no entanto, não ordenaram uma evacuação dos colégios.

"Recebemos informações sobre a presença de bombas nas escolas de Kiev. "Todos os centros de ensino estão sendo verificados pela polícia de Kiev com a ajuda do Serviço de Emergências", afirmou a porta-voz da polícia, Yulia Girdvillis.

A Rússia também retornou às aulas, com uma grade curricular repleta de matérias teor patriótico. O presidente Vladimir Putin pretendia participar de uma aula.

Putin receberá na segunda-feira o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na cidade russa de Sochi, às margens do Mar Negro.

A questão do transporte internacional de grãos, tanto ucranianos como russos, vitais para os países pobres, estará na agenda.

A Rússia abandonou em julho o acordo sobre cereais apoiado pela ONU e que a Turquia ajudou a negociar, acabando de fato a navegação segura para as embarcações civis que transitam pelo Mar Negro.

Apesar das dificuldades, mais dois navios zarparam de um porto ucraniano e navegam pelo Mar Negro, utilizando um corredor marítimo que Kiev estabeleceu para garantir a segurança da navegação.

E isto acontece depois de a Rússia alertar que atacaria qualquer navio que partisse da Ucrânia para atravessar o Mar Negro.

Polícia emite alerta para ameaças de bombas nas escolas de Kiev no dia de retorno às aulas

A polícia ucraniana emitiu um alerta nesta sexta-feira, 1, para ameaças de bombas nas escolas de Kiev, no dia do retorno às aulas dos estudantes, que iniciam o segundo ano letivo desde o início da invasão russa.

A força de segurança informou que está inspecionando os estabelecimentos de ensino.

Recebemos informações sobre a presença de bombas nas escolas de Kiev", afirmou a porta-voz da polícia, Yulia Girdvillis.

"Todos os centros de ensino estão sendo verificados pela polícia de Kiev com a ajuda do Serviço de Emergências", acrescentou.

A polícia informou que não ordenou a retirada dos alunos dos centros de ensino e pediu à população que mantenha a calma.

Mais de 3,6 milhões de crianças ucranianas, incluindo 400.000 que estão no exterior, retornaram às aulas nesta sexta-feira.

"O segundo 1º de setembro após a invasão em larga escala. Os russos tentam de tudo para destruir nossa nação (...) A nação preservou a possibilidade de que as crianças compareçam à escola na Ucrânia", afirmou mais cedo o chefe do gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak, no Telegram.

No ano letivo que começa em setembro, "3.623.169 crianças estudam em nossas escolas, incluindo 400.000 que estão no exterior, mas que permanecem no sistema de ensino ucraniano", acrescentou.

Yermak explicou que 44,9% dos estudantes terão aulas presenciais, 24,4% permanecerão no ensino remoto e 30,7% em um sistema híbrido.

O chefe do gabinete da presidência informou que 3.750 escolas foram destruídas por "mísseis e bombas russas" desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

Atualmente, os combates se concentram no leste e no sul do país, mas as grandes cidades afastadas das frentes de batalha são alvos de bombardeios russos frequentes, com mísseis ou drones explosivos.

Um ataque em larga escala em Kiev na quarta-feira provocou duas mortes e foi considerado o maior bombardeio contra a capital nos últimos meses pelas autoridades militares.

Algumas grandes cidades do país prepararam refúgios subterrâneos para que os professores consigam prosseguir com as aulas caso as sirenes de bombardeios sejam acionadas.

"Os alunos e os professores são forçados a adaptar-se a esta realidade", disse o comandante do exército ucraniano, Valery Zaluzhny, no Telegram.

"Mas o principal é que nossas crianças estudem (...) porque o conhecimento e a cultura são o que nos distingue do inimigo", acrescentou.

O exército ucraniano iniciou em junho uma contraofensiva no sul e leste do país para tentar recuperar os territórios ocupados pelas tropas russas.

Acompanhe tudo sobre:UcrâniaRússiaGuerras

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame