Um prédio destruído em Bucha, a noroeste de Kiev, onde o prefeito da cidade disse que ao menos 280 pessoas foram enterradas em uma vala comum e há cadáveres espalhados pela cidade (Ronaldo Schemidt/AFP)
Da redação, com agências
Publicado em 3 de abril de 2022 às 09h56.
Quando soldados ucranianos recapturaram Bucha, perto de Kiev, capital da Ucrânia, no sábado, eles encontraram dezenas de civis mortos, somando-se ao que os órgãos de defesa dos direitos humanos estão chamando de evidências crescentes de crimes de guerra cometidos pela Rússia. O município disse, no sábado, que enterrou 280 corpos em valas comuns até agora.
No lado oeste da cidade, um civil acenou para os soldados ucranianos que o seguiram até uma garagem de metal que estava queimada e fumegante. Dentro havia metade do corpo de uma mulher com o torso queimado, uma cabeça presa, mas sem rosto.
O homem disse que o nome da mulher era Valentina Promac e que ela se refugiou em sua garagem durante a ocupação russa, recusando-se a entregar gasolina.
O grupo de direitos humanos Human Rights Watch disse no domingo que documentou vários casos de crimes de guerra no norte e leste da Ucrânia, incluindo estupro, execuções sumárias, violência e saques por tropas russas.
Moscou rejeitou as alegações de crimes de guerra, incluindo as acusações de que a Rússia alvejou civis.
Dentre outros relatos da cidade, soldados ucranianos disseram ter encontrado 20 cadáveres perto de uma fábrica de vidro na cidade, acrescentando que as tropas russas proibiram os moradores de enterrá-los. Alguns corpos foram colocados em armadilhas, eles disseram. Um homem tinha as mãos amarradas, com o passaporte ao lado, e os corpos estavam espalhados em centenas de metros.
"O massacre Bucha foi deliberado", denunciou neste domingo o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, um dia após a descoberta de vários corpos nesta cidade ao noroeste de Kiev, recuperada das mãos do exército russo.
"Os russos querem eliminar tantos ucranianos quanto possível. Nós devemos pará-los e expulsá-los. Eu exijo novas sanções devastadoras do G7 AGORA", escreveu Kuleba no Twitter.
"Região de Kiev. Inferno do século 21. Corpos de homens e mulheres, que foram mortos com as mãos amarradas. Os piores crimes do nazismo retornaram à UE", tuitou o conselheiro da presidência ucraniana Mykhaylo Podolyak.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, acusou neste domingo o exército russo de ter cometido "atrocidades" na região de Kiev e pediu mais sanções contra Moscou.
"Chocado com as imagens perturbadoras das atrocidades cometidas pelo exército russo na região libertada de Kiev", escreveu Michel no Twitter, com a hashtag #BuchaMassacre".
"A UE ajuda a Ucrânia e as ONGs a reunir as provas necessárias para ações nos tribunais internacionais", acrescentou.
"Mais sanções e ajuda da UE estão a caminho", completou.