Kiev - O presidente ucraniano Petro Poroshenko anunciou nesta quinta-feira que um plano para um cessar-fogo no leste separatista da Ucrânia deve ser assinado na sexta-feira, um avanço crucial para uma solução do conflito e que os rebeldes se disseram prontos a aceitar.
Neste contexto de tentativa de desescalada, muitas explosões ocorreram perto do porto estratégico de Mariupol, à beira do Mar de Azov, constataram jornalistas da AFP.
Soldados ucranianos indicaram que enfrentaram blindados dos insurgentes separatistas na região.
"Amanhã, em Minsk, um documento deve ser assinado prevendo as etapas para o estabelecimento de um plano de paz para a Ucrânia. A disposição chave do plano é um cessar-fogo", declarou Poroshenko nesta quinta-feira à margem de uma cúpula da Otan em Newport.
O grupo de contato composto por representantes de Kiev, Moscou e da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) deve se reunir na sexta-feira com os rebeldes na capital de Belarus às 14H00 (8H00 de Brasília).
"Se o encontro acontecer, darei as instruções ao Estado-Maior para um cessar-fogo bilateral", assegurou o presidente pró-ocidental.
Segundo um site oficial separatista, os dirigentes separatistas pró-russos vão assinar a trégua na sexta-feira, em caso de acordo em Minsk.
Os chefes das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e de Lugansk "estão dispostos a ordenar um cessar-fogo nesta sexta-feira às 15H00 (09H00 de Brasília) se um acordo for assinado com os representantes da Ucrânia, da Rússia e da OSCE".
Rússia alerta Ucrânia sobre Otan
Poroshenko afirmou ainda que a Aliança Atlântica, cujos 28 países membros estão reunidos até sexta-feira no País de Gales, adotará uma declaração apoiando seus membros que decidirem ajudar Kiev militarmente, uma decisão que promete provocar a ira de Moscou.
"Em sua declaração, a Otan deverá apoiar medidas bilaterais da parte de seus países membros em vista de uma ajuda militar à Ucrânia. É exatamente o que esperamos", declarou Poroshenko.
Kiev anunciou recentemente a retomada do processo de adesão à Otan, que havia sido abandonado pelo governo pró-russo precedente.
Neste sentido, Moscou alertou nesta quinta-feira a Kiev que seu projeto de aderir à Otan pode fazer descarrilar a busca de uma solução para o conflito no leste ucraniano.
"Logo quando estão sendo exploradas as vias para resolver os problemas concretos entre Kiev e os rebeldes, Kiev pede para acabar com seu estatuto de não-alinhado e iniciar o processo de adesão à Otan", afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
"É uma clara tentativa de fazer descarrilar os esforços para iniciar um diálogo que garanta a segurança nacional", afirmou Lavrov, citado pelas agências de notícias russas, em um encontro com o secretário-geral do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland.
Rússia espera que Kiev e os rebeldes separatistas pró-russos respondam ao plano de sete pontos proposto na véspera pelo presidente Vladimir Putin, visando a alcançar um acordo em Minsk.
EUA apoiam a guerra
Coincidindo com a cúpula da Otan, que acontece em Newport, no Reino Unido, Poroshenko se reuniu com o presidente americano Barack Obama, o francês François Hollande, e os primeiros-ministros do Reino Unido, David Cameron, Alemanha, Angela Merkel, e da Itália, Matteo Renzi.
Incomodada com este encontro, a Rússia acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos de socavar os esforços de paz na Ucrânia e de apoiar os partidários da guerra.
"É um aumento da retórica anti-russa (...) logo quando havia esforços ativos em busca de uma solução política", afirmou o ministro das Relações Exteriores russo Serguei Lavrov.
"É preciso dizer que o 'partido da guerra" em Kiev conta com um apoio ativo no exterior e, neste caso, nos Estados Unidos", afirmou ainda.
-
1. Velas e armas
zoom_out_map
1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
-
2. Pelo chão
zoom_out_map
2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
-
3. Memória saqueada
zoom_out_map
3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
-
4. Sem destino
zoom_out_map
4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
-
5. Caixa-preta
zoom_out_map
5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
-
6. Represália Europeia
zoom_out_map
6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
-
7. Maioria holandesa
zoom_out_map
7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
-
8. Domingo de homenagem
zoom_out_map
8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
-
9. Em busca da cura
zoom_out_map
9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
-
10. EUA diz que sabe
zoom_out_map
10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
-
11. Artigo editado
zoom_out_map
11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
-
12. Duas tragédias no ano
zoom_out_map
12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
-
13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
zoom_out_map
13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)