Os combates na linha de frente da guerra na Ucrânia continuam a cobrar um alto preço em munições e vidas (Anatolii Stepanov /AFP/Getty Images/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 14 de julho de 2023 às 18h46.
Última atualização em 14 de julho de 2023 às 18h59.
A Ucrânia admitiu nesta sexta-feira que sua contraofensiva para recuperar os territórios conquistados pela Rússia no sul e no leste do país está progredindo lentamente em meio a batalhas ferozes, com um avanço de apenas 1,7 quilômetro em direção à cidade de Melitopol, segundo as autoridades ucranianas, que, no entanto, descartaram negociar com os russos enquanto a invasão continuar.
"[A contraofensiva] não avança tão rapidamente neste momento", disse à imprensa o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andrii Yermak, admitindo a dificuldade dos combates. "Se tivermos de dizer que algo está errado, diremos. Não tentaremos embelezá-lo".
No entanto, Yermak, considerado o principal assessor do presidente Volodymyr Zelensky, reiterou que a Ucrânia descarta a abertura de qualquer negociação de paz enquanto houver tropas russas em seu território.
"Pensar nessas negociações só é possível depois que as tropas russas deixarem nosso território", declarou. "Todos entendem que não vamos conversar com os russos [antes disso]".
Ele também negou que os aliados ocidentais estejam pressionando a Ucrânia, que enfrenta uma invasão russa desde fevereiro de 2022.
"Não há qualquer pressão. Eles apenas nos perguntam: 'De que outra forma podemos ajudá-los?'", afirmou.
Os combates na linha de frente da guerra na Ucrânia continuam a cobrar um alto preço em munições e vidas. Além de enfrentar o poderoso Exército russo, o país luta também contra o terreno, enquanto tenta emplacar uma esperada contraofensiva. Quatro semanas depois de lançar o esforço militar pré-anunciado para este verão do Hemisfério Norte, Kiev fez pouco progresso em direção a uma de suas principais linhas de ataque no sul do país.
O prolongamento da guerra também já causa uma série de problemas logísticos para Kiev. Financiadores independentes que enviaram dinheiro e suprimentos para os batalhões na linha de frente no primeiro ano de guerra começam a diminuir os repasses.
Da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal fornecedor de tecnologia militar para o lado ucraniano, a capacidade de produção de munições e armamentos — consumidos em um ritmo frenético no front — forçou os Estados Unidos, de acordo com a Casa Branca, a autorizar o envio de bombas de fragmentação, proibidos em mais de 100 países, para evitar que Kiev ficasse desmuniciada.
Zelensky tem pressionado a Otan e disse que considera "sem precedentes e absurdo" que não seja estabelecido um cronograma para a adesão da Ucrânia. Mas os países-membros da aliança, decidiram na terça-feira, durante uma cúpula na Lituânia, que só convidarão Kiev “quando as condições forem cumpridas”.
"Apresentaremos um convite para que a Ucrânia se junte à Otan quando os aliados estiverem de acordo e as condições forem cumpridas", reiterou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, no fim do primeiro dia do encontro, que aconteceu em Vilna, capital da Lituânia.
As declarações de Zelensky foram feitas no Twitter pouco antes de sua chegada a Vilna para a cúpula: "Parece que não estão prontos para convidar a Ucrânia ou torná-la integrante da aliança", afirmou Zelensky. "Incerteza é fraqueza. E eu discutirei isso abertamente na cúpula."
O presidente ucraniano classificou de "vagos" os termos que os países-membros buscam incluir no documento final com as "condições" para um convite a Kiev. Segundo ele, o cenário, "para a Rússia, significa motivação para continuar seu terror".