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Turquia vive 11º dia de protestos, mas premier não cede

Na manhã desta segunda-feira, a emblemática Praça Taksim, em Istambul, recuperou relativamente a calma e amanheceu ocupada apenas por alguns grupos


	Manifestante com a bandeira nacional turca: no domingo, Erdogan, que presidirá seu conselho de ministros nesta segunda-feira, endureceu o tom diante das manifestações.
 (Umit Bektas/Reuters)

Manifestante com a bandeira nacional turca: no domingo, Erdogan, que presidirá seu conselho de ministros nesta segunda-feira, endureceu o tom diante das manifestações. (Umit Bektas/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2013 às 16h23.

Instambul - Manifestantes turcos iniciaram nesta segunda-feira o 11º dia de protestos sem dar sinais de intimidação diante das ameaças do primeiro-ministro, o islamita conservador Recep Tayyip Erdogan, que prometeu fazer os manifestantes pagarem "um preço alto" por desafiarem seu poder.

Na manhã desta segunda-feira, a emblemática Praça Taksim, em Istambul, recuperou relativamente a calma e amanheceu ocupada apenas por alguns grupos, depois de um fim de semana em que dezenas de milhares de pessoas participaram de uma passeata pelas ruas das principais cidades do país gritando: "Renuncie, Tayyip!"

Porém, os manifestantes voltaram a se reunir no fim da tarde, decididos a não ceder diante da resistência do chefe de governo, que convocou seus partidários no domingo com uma série de discursos contra os "extremistas" que desafiam sua autoridade nas ruas.

"Vamos para a escola, mas voltaremos mais tarde", disse à AFP Ecem Yakin, de 17 anos.

"Sou urbanista, não político, mas acho que enquanto Erdogan mantiver sua retórica violenta, o movimento vai continuar", opina Burak Atlar, secretário do grupo Taksim Solidaridade, que se opôs à destruição do Parque Gezi, próximo à Taksim, gerando o início da mobilização.

A violenta intervenção da polícia para retirar os manifestantes que ocupavam o parque na manhã do dia 31 de maio provocou choques que logo se transformaram no maior movimento de protesto contra o governo islamita conservador, que está no poder há uma década.


"Este tipo de discurso e a brutalidade da polícia foram os fatores que nos levaram a protestos tão longos. É preciso recuar, reconhecer as exigências da população", defendeu Atlar.

No domingo, Erdogan, que presidirá seu conselho de ministros nesta segunda-feira, endureceu o tom diante das manifestações, chegando ao ponto de usar os meios de comunicação para falar a seus seguidores por seis vezes.

"Aqueles que não respeitarem o partido no poder neste país pagarão o preço", disse o líder turco em Ancara.

"Se há um problema, podem se reunir com o prefeito ou com o governador. Podem, inclusive, eleger representantes para se reunirem comigo", afirmou diante de uma multidão. "Mas se continuarem a agir assim, vou utilizar a linguagem que entendem porque minha paciência tem limites".

O primeiro-ministro está certo de que tem o apoio da maioria dos turcos e pediu várias vezes a seus seguidores que "deem uma lição" de democracia aos manifestantes nas próximas eleições municipais, em 2014.

Em 2011, o partido de orientação islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP), ao qual pertence Erdogan, obteve 50% dos votos.

Enquanto o primeiro-ministro finalizava seu último discurso, no domingo à noite, a polícia dispersava com violência, pelo segundo dia seguido, os milhares de manifestantes reunidos na praça Kizilay, em Ancara. Várias pessoas ficaram feridas e outras foram detidas.

O último comunicado divulgado antes do fim de semana pelo Sindicato dos Médicos turcos informou que, desde o início dos protestos, três pessoas haviam morrido - dois manifestantes e um policial - e que cerca de cinco mil tinham ficado feridas, sendo dezenas em estado grave

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu no domingo "uma solução rápida" na Turquia, aconselhando os opositores e os partidários do líder turco a terem "moderação".

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