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Turquia faz incursão militar contra curdos no Iraque

Desde domingo à noite, caças F-16 e F-4 da aviação turca bombardearam várias vezes as bases do PKK nas montanhas do norte do Iraque


	Curdo exibe a bandeira do PKK: desde domingo à noite, caças F-16 e F-4 da aviação turca bombardearam várias vezes as bases do PKK nas montanhas do norte do Iraque
 (Ozan Kose/AFP)

Curdo exibe a bandeira do PKK: desde domingo à noite, caças F-16 e F-4 da aviação turca bombardearam várias vezes as bases do PKK nas montanhas do norte do Iraque (Ozan Kose/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2015 às 17h09.

Forças especiais da Turquia iniciaram nesta terça-feira uma operação terrestre em território iraquiano pela primeira vez em quatro anos para perseguir milicianos curdos.

Dois dias após uma primeira emboscada com explosivos, que provocou no domingo a morte de 16 soldados em Daglica (sudeste da Turquia), o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) realizou uma operação similar nesta terça-feira na província de Igdir, na fronteira com Azerbaijão, Armênia e Irã.

O ataque terminou com 13 mortos e um ferido, segundo as autoridades locais.

Desde domingo à noite, caças F-16 e F-4 da aviação turca bombardearam várias vezes as bases do PKK nas montanhas do norte do Iraque.

"As forças de segurança turcas atravessaram a fronteira iraquiana no âmbito do direito de perseguição contra terroristas do PKK que realizaram os ataques recentes", declarou à AFP uma fonte governamental que pediu o anonimato.

A "operação será de curta duração", acrescentou.

Os bombardeios aéreos e a operação das forças especiais provocaram a morte "de uma centena de terroristas" do PKK, segundo a agência de notícias Dogan, que citou fontes militares.

Em um discurso muito firme, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu nesta terça-feira "não abandonar o país aos terroristas".

"Não abandonamos e não abandonaremos esta nação a três ou cinco terroristas", advertiu Erdogan em mensagem televisionada.

Seu primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, demonstrou a mesma firmeza em uma cerimônia em Van (leste) em homenagem aos 16 soldados mortos em Daglica.

"Pela unidade desta nação (...), cada um dos responsáveis por estes banhos de sangue vão prestar contas", declarou junto aos caixões dos "mártires".

O ataque de domingo foi o mais sangrento desde a retomada dos confrontos entre o exército e os rebeldes curdos, no final de julho.

Esta escalada torna inviável o prosseguimento das negociações de paz iniciadas em 2012 para acabar com um conflito entre o Estado turco e os curdos que deixou 40.000 mortos desde 1984.

No fim de julho, o governo turco ordenou uma série de bombardeios aéreos contra as bases dos rebeldes curdos no norte do Iraque, em represália aos ataques rebeldes contra suas forças de segurança.

Contudo, o PKK libertou nesta terça-feira 20 cidadãos turcos, 12 deles agentes da alfândega, sequestrados em agosto no leste do país.

Segundo um último balanço da imprensa pró-governamental, estes confrontos provocaram a morte de uma centena de soldados ou policiais turcos e de mil rebeldes.

Os mais recentes ataques do PKK e os bombardeios das forças turcas causaram tensões entre a comunidade turca e curda no país em várias cidades. Cerca de 20% dos 76 milhões de turcos são de origem curda e vivem principalmente na região sudeste.

As instalações do principal partido pró-curdo (HDP, Partido da Democracia do Povo) foram atacadas em várias cidades.

Deputados do partido afirmaram que seis civis morreram na segunda-feira em Cizre (sudeste), submetida há cinco dias a um estrito toque de recolher.

O líder do HDP, Selahattin Demirtas, lançou um vibrante apelo à calma.

"Curdos, turcos, aproximem-se uns dos outros. A paz é o melhor remédio", disse a repórteres.

"Tais atos servem apenas aos interesses do PKK, e devemos evitá-los", escreveu em sua conta no Twitter Huseyin Celik, um funcionário do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002.

Esta escalada preocupa, faltando menos de dois meses para as eleições parlamentares antecipadas convocadas por Erdogan para 1º de novembro.

Nas últimas eleições de 7 de junho, o AKP perdeu a maioria absoluta que tinha nos últimos 12 anos no parlamento.

O chefe de Estado tentará recuperar essa diferença em novembro para estabelecer um regime presidencial forte.

Na segunda-feira, Erdogan acusou a oposição de alimentar o conflito curdo para facilitar a realização das suas ambições políticas.

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