Turquia anuncia represália a sanção americana por religioso preso
Governo norte-americano anunciou mais cedo adoção de sanções contra ministros turcos pela "injusta" detenção do pastor americano Andrew Brunson
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2018 às 18h48.
Última atualização em 1 de agosto de 2018 às 19h27.
O governo turco anunciou nesta quarta-feira que reagirá de forma imediata com "medidas equivalentes" às sanções aprovadas hoje pelos Estados Unidos em resposta à situação de Andrew Brunson, um pastor protestante americano que está preso a dois anos em prisão preventiva na Turquia.
"Protestamos energicamente contra a decisão do Ministério da Fazenda americano de impor sanções contra o nosso país. Convidamos o governo dos Estados Unidos a retirar esta decisão equivocada. Esta atitude de agressão não tem qualquer finalidade e será respondida imediatamente com medidas equivalentes", afirmou o Ministério de Relações Exteriores da Turquia em nota.
A Casa Branca anunciou hoje a imposição de sanções econômicas contra os ministros da Justiça Abdülhamit Gül e de Interior Süleyman Soylu, pelo papel na detenção de Brunson. Atualmente em prisão domiciliar, o Executivo em Washington exige a completa libertação do religioso, que é acusado de colaborar com a guerrilha curda marxista e com a confraria do teólogo e escritor Fethullah Gülen.
O caso de Brunson piorou as relações já tensas entre Turquia e Estados Unidos nos últimos dias e, hoje mesmo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan , denunciou a "mentalidade evangelista e sionista" do governo americano pela sua atitude "ameaçadora" neste assunto.
"Colocar dois ministros na mira não é normal de um Estado e nem pode ser explicado com conceitos de direito ou justiça", afirmou o comunicado do órgão turco, que garantiu que a postura americana causará "um grande prejuízo" aos esforços feitos para solucionar os problemas entre ambos os países.
O ministro de Relações Exteriores turco, Mevlüt Çavusoglu, também protestou no Twitter contra as sanções.
"A tentativa dos Estados Unidos de impor sanções a dois de nossos ministros não ficará sem resposta. Não podemos solucionar nossos problemas, a menos que a Administração dos Estados Unidos perceba que não pode obter solicitações ilegais com este método", escreveu.
O ministro Gül também reagiu no Twitter. Em sua página ele disse que não ter "centavo algum nos Estados Unidos, fora da Turquia", nem nenhuma outra posse que pudesse ser afetada pelas sanções.
O Conselho de Negócios Turco-americano (TAIK) reagiu ao aumento das tensões indicando que "não podem existir punições entre países amigos".