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Tunísia encerra conturbada, mas bem-sucedida, transição

As eleições de domingo na Tunísia fecham o ciclo de transição do país que iniciou a Primavera Árabe


	Tunisianos: campanha presidencial conta com 25 candidatos de partidos políticos de direita, centro e esquerda
 (REUTERS/Zoubeir Souissi)

Tunisianos: campanha presidencial conta com 25 candidatos de partidos políticos de direita, centro e esquerda (REUTERS/Zoubeir Souissi)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 15h00.

Túnis - As eleições presidenciais de domingo na Tunísia fecham o ciclo de transição em um país que se orgulha de ter iniciado a "primavera árabe" e conseguido levá-la por um bom caminho, com a chegada de um partido islamita e sua posterior derrota por meios estritamente democráticos.

A campanha presidencial, que conta com 25 candidatos de partidos políticos de direita, centro e esquerda, assim como personalidades independentes, é a primeira eleição livre e democrática para o cargo desde a queda do regime do ex-presidente Zine el Abidine Ben Ali em 14 de janeiro de 2011.

Caso nenhum dos candidatos alcance maioria absoluta na votação deste domingo, haverá um segundo turno entre os dois candidatos mais votados em 28 de dezembro.

O candidato favorito à presidência é Beji Caid Essebsi, de 88 anos, um experiente político e ex-ministro de Interior, Defesa e Relações Exteriores.

Essebsi, que liderou a primeira fase da transição e organizou as eleições legislativas de 2011, vencidas pelo partido islamita Al- Nahda, fundou o grupo político Nida-Tunis (Chamada por Tunísia) em 2012 com o objetivo de criar uma alternativa laica à influência do islamismo no país.

A coalizão governamental entre o Al-Nahda e dois partidos laicos, CPR e Takatol, não evitou que o país mergulhasse em uma crise política e de segurança caracterizada pelo crescimento do islã radical, os atentados terroristas e os assassinatos de políticos e militares.

Além disso, o país sofre com a má gestão econômica do governo de coalizão tripla, que não conseguiu conter a crise econômica herdada do regime de Ben Ali. A Tunísia atingiu recordes de inflação, queda dos investimentos na indústria e desemprego, o que provocou o descontentamento das classes médias e pobres.

Neste contexto, o jovem partido Nida-Tunis, que tem pouco mais de dois anos de vida, conquistou a vitória nas eleições legislativas do mês passado e conseguiu 86 das 217 cadeiras do parlamento. Além disso, seu líder, Essebsi, desponta com o futuro presidente da Tunísia.

O Al-Nahda não lançou candidato para presidente nem conseguiu chegar a um acordo com outras forças políticas sobre um nome em comum. O partido ficou em segundo nas últimas eleições legislativas, obtendo 69 vagas no parlamento.

Oficialmente, o Al-Nahda liberou seus militantes a definirem em quem vão votar de "acordo com suas consciências".

De maneira extraoficial, as bases islamitas apoiam o presidente interino da Tunísia, conhecido como "Doutor Moncef Marzouki", de 69 anos, que se lançou como candidato independente.

Os islamitas seguem em massa o presidente interino em atos públicos, acompanhados de imãs rigorosos e membros das violentas Ligas de Proteção da Revolução (LPR).

O líder radical do Hizbu Atahrir (Partido da Libertação), Rida Belhach, anunciou seu apoio a Marzouki em entrevista coletiva.

Histórico militante dos Direitos Humanos e feroz opositor à ditadura de Ben Ali, Marzouki, autor de mais de 20 livros, representa para seus simpatizantes a possibilidade de Essebsi não controlar o parlamento, o governo e a presidência, ideia principal de sua campanha eleitoral.

Embora a polarização entre os candidatos Essebsi e Marzouki ocupe os principais programas de debates nas emissoras privadas tunisianas, as campanhas de outros candidatos também tiveram um bom impacto entre os cidadãos.

Entre eles se destacam o multimilionário Eslim Riahi, o esquerdista histórico Hama Hamami e o ex-diretor do Banco Central da Tunísia, Mustafa Kamel Nabli.

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