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Trump sabia que pagamentos por silêncio eram errados, afirma ex-advogado

Pagamento teria sido feito a duas mulheres para que não revelassem seus relacionamentos com ele antes das eleições

Trump: presidente afirma que nunca ordenou a seu então advogado que violasse a lei (Cathal McNaughton/Reuters)

Trump: presidente afirma que nunca ordenou a seu então advogado que violasse a lei (Cathal McNaughton/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 12h52.

O presidente americano, Donald Trump, sabia que era errado ordenar o pagamento a duas mulheres para que não revelassem seus relacionamentos com ele antes das eleições, afirmou seu ex-advogado Michael Cohen em entrevista que será exibida nesta sexta-feira.

Trump atuou porque "estava muito preocupado como isto afetaria a eleição", disse Cohen ao canal ABC News em seus primeiros comentários desde que foi condenado a três anos de prisão na quinta-feira.

O presidente afirma que nunca ordenou a seu então advogado que violasse a lei. Mas ao ser questionado na entrevista se Trump sabia que os pagamentos direcionados a Stormy Daniels e Karen McDougal eram errados, respondeu: "Claro".

Cohen rebateu assim a afirmação de Trump em um tuite na quinta-feira, depois da sentença do advogado, quando escreveu que nunca ordenou que ele violasse a lei.

"Eu não penso que exista alguém que acredite nisso", declarou Cohen a George Stephanopoulos no programa "Good Morning America".

A ABC divulgou trechos da entrevista antes da exibição completa.

"Primeiro de tudo, nada na Organização Trump era feito a menos que fosse dirigido pelo Sr. Trump. Ele ordenou que fizesse os pagamentos, ordenou o meu envolvimento nestes assuntos", disse Cohen.

"Ele sabe a verdade. Eu sei a verdade. Outros sabem a verdade", completou.

"E aqui está a verdade: as pessoas dos Estados Unidos da América, pessoas do mundo, não acreditam no que ele está dizendo. O homem não diz a verdade. E é triste que eu tenha que assumir a responsabilidade por seus atos sujos", disse Cohen

Ao ser questionado se acredita que Trump afirma a verdade sobre a interferência da Rússia nas eleições americanas, o advogado afirmou que "não", mas se recusou a fazer mais comentários.

"Não quero colocar em risco nenhuma investigação", explicou.

Trump nega ter mantido relações com as mulheres que receberam pagamento em 2016, poucas semanas antes da eleição em que venceu Hillary Clinton.

O presidente, que em janeiro entrará em seu terceiro ano de mandato, enfrenta uma situação cada vez mais delicada, com procuradores federais e a investigação especial sobre o suposto conluio com a Rússia se aproximando cada vez mais.

Mas na quinta-feira, em sua primeira reação pública desde a sentença de Cohen, mostrou-se tão combativo como sempre no Twitter, onde tentou se distanciar daquele que durante uma década foi seu leal advogado.

"Era um advogado e se supõe que devia conhecer a lei (...) Um advogado tem grande responsabilidade se comete um erro. Para isso são pagos", escreveu.

Mais tarde afirmou ao canal Fox News que estava sendo acusado por pagamentos que não provocariam nada contra outros políticos.

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