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Trump recebe primeiro-ministro italiano na Casa Branca

Trump, que recebeu muitas críticas por conta de sua política de tolerância zero, elogiou a postura muito firme do governo italiano acerca da imigração

Trump e Conte também defendem relações melhores com a Rússia (Carlos Barria/Reuters)

Trump e Conte também defendem relações melhores com a Rússia (Carlos Barria/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de julho de 2018 às 15h19.

Última atualização em 30 de julho de 2018 às 15h19.

O presidente americano Donald Trump encontrou o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte na Casa Branca nesta segunda-feira (30), recebendo um populista europeu com visões similares nos temas de imigração e comércio.

A visita começou com um aperto de mãos e um sorriso de Conte no pórtico da Ala Oeste.

No Salão Oval, Trump disse que era uma "grande honra" receber Conte e elogiou o líder italiano pelo "trabalho fantástico", afirmando que eles se entenderam bem na recente cúpula do G7 no Canadá.

Os dois presidentes deveriam ter uma reunião no Salão Oval e diálogos bilaterais mais extensos antes de uma coletiva de imprensa às 14h locais (15h de Brasília).

Conte adotou "uma postura muito firme" acerca da imigração, disse Trump, que por sua vez empregou uma política de "tolerância zero" nas fronteiras americanas - uma decisão que levou à separação de centenas de crianças de seus pais, que entraram no país com a documentação irregular.

Conte foi escolhido à frente do governo italiano pelos líderes de partidos que venceram as eleições em março - o eurocético Movimento 5 Estrelas e o de extrema direita Liga.

A imprensa italiana sugeriu que a reunião na Casa Branca vai impulsionar Conte, que costuma ficar à sombra do seu vice-primeiro-ministro e dos líderes dos partidos: Matteo Salvini, da Liga, e Luigi Di Maio, do M5E.

Contudo, Salvini roubou parte da atenção neste domingo com uma mensagem controversa no Facebook - "muitos inimigos, muita honra" -, que encontrou eco num conhecido lema fascista de Benito Mussolini, no dia do aniversário de sua morte.

Conte quer alterar as regulamentações da União Europeia (UE) que preveem que pedidos de asilo devem ser responsabilidade de um único Estado-membro - geralmente aquele por onde o refugiado chegou ao continente.

A Itália argumenta que a legislação cria um peso injusto aos países na costa do Mediterrâneo. Seu novo governo populista engrossou o tom para pressionar outros países da UE a compartilhar a responsabilidade pelos refugiados recém-chegados.

Ele fechou os portos italianos aos migrantes e rejeitou diversos navios carregando refugiados resgatados no mar, ameaçando o futuro dessas operações.

Amigo da Rússia

Trump e Conte também defendem relações melhores com a Rússia.

Além do profundo desacordo com os aliados dos Estados Unidos acerca de comércio, meio-ambiente e Irã, o líder americano abriu outra frente no Canadá pedindo que a Rússia voltasse às reuniões do G7, encerrando seu isolamento pela anexação da Crimeia em 2014.

"Acho que seria bom para a Rússia, acho que seria bom para os Estados Unidos, acho que seria bom para todos os países do atual G7", disse Trump.

Conte, que estava fazendo sua estreia internacional nas negociações do Grupo dos Sete, disse concordar com o americano, afastando-se dos colegas europeus.

Os dois homens também compartilham seu ceticismo acerca do livre-comércio: Trump deixou diversos acordos internacionais como o Nafta e a Acordo Transpacífico (TPP), enquanto Conte se recusou a ratificar o CETA, acordo entre a UE e o Canadá.

Alvo perdido

Mas de acordo com Nick Ottens, do Conselho do Atlântico, Trump "pode não encontrar o aliado que espera" em Conte.

Em matéria de comércio, o ceticismo do novo governo italiano sobre acordos multinacionais pode atrapalhar o objetivo de Trump de eliminar todas as tarifas aduaneiras da UE, segundo Ottens.

Já no setor de defesa, a Itália disse que não tem chance de alcançar a meta de destinar 2% do PIB - e menos ainda a nova meta estipulada por Trump na última reunião da Otan, de 4%.

Outra discordância que pode vir à tona é o impasse de Trump com o Irã e a retomada das sanções - que afetam as relações comerciais entre italianos e iranianos.

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