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Trump promete ser otimista em seu discurso sobre o Estado da União

Depois da maior paralisação da história dos EUA e o confronto com democratas, o discurso de Trump será recebido com clima de hostilidade em Washington

EUA: espera-se que Trump enfatize a força da economia, uma mensagem-chave em vista de sua campanha de reeleição em 2020 (Jim Young/Reuters)

EUA: espera-se que Trump enfatize a força da economia, uma mensagem-chave em vista de sua campanha de reeleição em 2020 (Jim Young/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 11h16.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2019 às 11h16.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu otimismo em seu discurso sobre o Estado da União na noite desta terça-feira, mas será capaz de resistir à tentação de lançar ataques contra seus rivais democratas após o confronto mantido com eles sobre as políticas de imigração?

O discurso anual ante o Congresso é geralmente um ato cerimonial, cheio de nobres aspirações e ovações sem fim. Mas este ano será talvez mais imprevisível, assim como o presidente que o pronunciará.

A Casa Branca anuncia um discurso "otimista", "unificador" e até "visionário". Em uma passagem publicada na sexta-feira, Trump prevê que os republicanos e democratas podem "acabar com décadas de bloqueio político".

Mas a atmosfera em Washington é a mais hostil nos últimos anos, após o confronto entre o presidente e a Câmara dos Representantes, de maioria democrata, por causa de seu pedido de verbas para financiar um muro na fronteira com o México.

Esse confronto já causou o fechamento parcial da administração por mais de um mês e levou Trump a adiar o discurso desta terça por uma semana, a pedido da presidente democrata da Câmara, Nancy Pelosi, que ficará sentada alguns metros atrás dele durante seu discurso.

Ruim para o país

Pelosi conseguiu frustrar até agora uma das promessas de campanha do presidente: a construção do muro na fronteira com o México para impedir a imigração ilegal.

O presidente se recusou a aprovar o orçamento da administração, provocando o fechamento parcial, sem obter os recursos necessários para o projeto.

Mas a líder democrata não cedeu e Trump concordou em encerrar temporariamente a "paralisação", que deixou cerca de 800 mil funcionários federais sem pagamento.

E não parece que o presidente da Câmara mude de idéia antes de 15 de fevereiro, o tempo que Trump deu ao Congresso para financiar seu muro e, assim, evitar um novo conflito orçamentário.

Em uma entrevista na televisão CBS no domingo, Trump disse que Pelosi era uma pessoa "rígida e muito ruim para o país".

O presidente ameaça provocar outro fechamento do governo se o Congresso não aprovar o financiamento do muro.

Também não descarta a possibilidade de declarar estado de emergência, o que lhe permitiria ter poderes extraordinários para tomar decisões sem o endosso do Congresso.

Êxitos e ameaças

O discurso sobre o Estado da União é geralmente uma ocasião para o presidente destacar suas suas realizações e anunciar novas propostas.

Espera-se que Trump enfatize a força da economia do país, uma mensagem-chave em vista de sua campanha para ser reeleito em 2020.

A Casa Branca disse que vai propor gastos federais em infraestruturas, uma iniciativa na qual poderá obter o apoio de democratas

O presidente também deve enfatizar os sucessos de sua política externa, um terreno muito mais delicado para ele. Provavelmente defenderá a retirada das tropas americanas da Síria e do Afeganistão, uma decisão criticada por alguns membros dos serviços de segurança, assim como por muitos republicanos.

Ele também deve relatar ao Congresso sobre o progresso das negociações comerciais com a China e sobre sua intenção de realizar uma segunda reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, a quem ele pretende convencer a renunciar às armas nucleares.

Venezuela

O inquilino da Casa Branca também pode aproveitar seu discurso para aumentar a pressão sobre o líder venezuelano, Nicolás Maduro. Um dos maiores críticos de Maduro nos Estados Unidos, o senador republicano Marco Rubio, convidou Carlos Vecchio, gerente de negócios venezuelano em Washington, indicado pelo presidente interino autoproclamado, Juan Guaidó, para falar. A tradição permite que os 535 membros do Congresso escolham convidados para acompanhá-los durante o discurso.

Entre os participantes estarão o Prêmio Nobel da Paz de 2018, Nadia Murad, ex-escrava dos jihadistas no Iraque e membro da minoria yazidi, que foi convidada pelo congressista republicano Jeff Fortenberry.

O casal presidencial convidou, por outro lado, muitas pessoas. Entre elas, Joshua Trump, um estudante do ensino médio de Delaware que sofre bullying de seus colegas porque tem o mesmo sobrenome que o presidente.

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