Donald Trump: "Bem, se a China não for resolver a Coreia do Norte, nós o faremos. É tudo que digo a você" (Jim Bourg/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de abril de 2017 às 09h13.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cogitou no domingo a possibilidade de usar o comércio como ferramenta para garantir a cooperação da China contra a Coreia do Norte, e insinuou que os EUA poderiam lidar por conta própria com os programas de míssil e nuclear de Pyongyang, caso necessário.
Os comentários, feitos em uma entrevista publicada no domingo no jornal Financial Times, pareceram ter como objetivo pressionar o presidente chinês, Xi Jinping, antes de sua visita a Trump no resort Mar-a-Lago, na Flórida, nesta semana.
"A China tem grande influência sobre a Coreia do Norte. E a China ou irá decidir nos ajudar com a Coreia do Norte ou não irá. E se eles o fizerem isso será muito bom para a China, e se não o fizerem não será bom para ninguém", disse Trump, de acordo com uma transcrição editada publicada pelo jornal.
Indagado sobre que incentivo os EUA têm a oferecer à China, Trump respondeu: "O comércio é o incentivo. Tudo diz respeito ao comércio".
Perguntado se cogitaria uma "grande barganha" com a qual Pequim pressionaria Pyongyang em troca de uma garantia de que mais tarde Washington retiraria tropas da península coreana, Trump teria dito ao diário: "Bem, se a China não for resolver a Coreia do Norte, nós o faremos. É tudo que digo a você".
Não ficou claro se os comentários de Trump irão sensibilizar a China, que adotou medidas para aumentar a pressão econômica sobre Pyongyang, mas não tem se mostrado disposta a fazer nada que possa desestabilizar o Norte e provocar uma debandada de milhões de refugiados através de sua fronteira.
Tampouco ficou claro o que os EUA poderiam fazer por conta própria para impedir que o regime recluso amplie sua tecnologia nuclear e desenvolva mísseis de alcance cada vez maior e a capacidade de lançar ogivas atômicas.
Os assessores de segurança nacional de Trump finalizaram uma análise das opções norte-americanas para tentar conter os programas de míssil e nuclear da Coreia do Norte que inclui medidas econômicas e militares, mas se inclina mais a sanções e a uma pressão maior para que Pequim contenha seu vizinho, disse uma autoridade dos EUA.
Embora a opção de ataques militares preventivos aos norte-coreanos não esteja descartada, a análise prioriza passos menos arriscados e "tira a ênfase na ação militar direta", acrescentou o funcionário, dizendo que não se soube de imediato se as recomendações do Conselho de Segurança Nacional chegaram a Trump.
A Casa Branca não quis comentar as recomendações.