Agência de notícias
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 14h46.
Última atualização em 7 de janeiro de 2025 às 14h53.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20, disse em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira que não descarta uma ação militar para assumir o controle do Canal do Panamá ou da Groenlândia.
"Posso dizer o seguinte: precisamos deles por motivos de segurança econômica. Não vou me comprometer com isso (descartar a ação militar). Pode ser que tenhamos que fazer alguma coisa", disse ele aos repórteres.
Esta não é a primeira vez que o republicano sugere uma expansão territorial dos Estados Unidos desde que venceu a disputa presidencial em novembro.
No final do mês passado, o magnata afirmou que o governo americano deveria retomar o controle do Canal do Panamá para acabar com que chamou de “roubo” cometido pelas autoridades locais. Na ocasião, Trump disse que o local, que o controla da passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico, é "um bem nacional vital" para os EUA.
"Nossa Marinha e comércio foram tratados de uma forma muito injusta e imprudente. As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, altamente injustas, especialmente sabendo da generosidade extraordinária que foi concedida ao Panamá", afirmou Trump. "Esse roubo completo do nosso país vai parar imediatamente".
Em 1903, os EUA receberam o controle da área onde seria construído o Canal do Panamá, cujas obras foram finalizadas em 1914, com poderes de usar a força para garantir a neutralidade da passagem usada hoje por cerca de 14 mil navios anualmente. Em 1977, o então presidente americano, Jimmy Carter, firmou um acordo com o ditador Omar Torrijos, que comandava o Panamá na época, devolvendo o controle do canal ao país, mas mantendo o direito de atuar para defender sua neutralidade. Os panamenhos retomaram a soberania sobre o canal em 1999, em uma decisão criticada por Trump.
Analistas veem na fala de Trump uma preocupação com o avanço de empresas chinesas na região do canal. Dois portos, localizados nas duas extremidades da passagem, são administrados por empresas de Hong Kong, mas não há gestos visíveis vindos de Pequim de que o país estaria disposto a ampliar sua presença ali. O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, eleito em maio, já disse ter como prioridade de governo a aproximação com os EUA, mas reagiu às declarações de Trump dizendo que “a soberania e a independência do nosso país não são negociáveis".