Mundo

Trump e Xi acrescentam a questão Síria na agenda para discussão

O encontro teve início na quinta-feira, quando o presidente americano ordenou seu primeiro ataque com mísseis ao país

Donald Trump e Xi Jinping: o bombardeio à uma base do exército sírio dominou o encontro, e o presidente americano parecia confiante no sucesso da reunião (Carlos Barria/Reuters)

Donald Trump e Xi Jinping: o bombardeio à uma base do exército sírio dominou o encontro, e o presidente americano parecia confiante no sucesso da reunião (Carlos Barria/Reuters)

A

AFP

Publicado em 7 de abril de 2017 às 18h23.

Última atualização em 7 de abril de 2017 às 18h37.

O presidente americano, Donald Trump, comemorou um "avanço tremendo" nas relações com a China, no segundo dia de um encontro com o presidente Xi Jinping em sua residência em Mar-a-Lago, nesta sexta-feira.

"Fizemos avanços tremendos em nosso relacionamento com a China", declarou Trump sem entrar em detalhes.

"Acredito verdadeiramente que foram feitos progressos", disse, classificando o relacionamento como "excelente".

Os dirigentes das duas maiores potências do mundo acrescentaram a situação síria na agenda que inclui o programa nuclear da Coreia do Norte e o comércio entre Estados Unidos e China.

O encontro teve início na quinta-feira, quando o presidente americano ordenou seu primeiro ataque com mísseis a outro país.

O bombardeio à uma base do exército sírio dominou o encontro, e Trump parecia confiante no sucesso da reunião.

"Já tivemos uma longa conversa e até agora não obtive nada, absolutamente nada, mas estamos construindo uma amizade", disse à imprensa antes de jantar na quinta-feira com presidente chines e suas respectivas esposas, Melania e a ex-cantora Peng Liyuan.

Prudência chinesa

Trump anunciou o bombardeio em resposta a um suposto ataque químico, atribuído pleo governo americano a Damasco, contra uma cidade rebelde do nordeste da Síria.

A reação de Xi não foi divulgada, mas a China se alinhou a Moscou sobre a situação na Síria, negando-se a punir o regime de Bashar Al Assad.

Após o bombardeio, Pequim pediu calma e apelou por "evitar uma nova deterioração da situação" na Síria.

A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, disse que seu governo está "profundamente abalado" pelo ataque a Khan Sheikhun, que deixou pelo menos 26 mortos, entre eles 27 crianças.

"Somos contrários ao uso de armas químicas, por parte de qualquer país, organização ou indivíduo, e independentemente das circunstâncias e do objetivo".

Nesta sexta-feira na ONU, a Rússia acusou os Estados Unidos de terem violado o direito internacional, enquanto o organismo multilateral insiste em buscar uma solução política para o conflito sírio.

Pequim parece querer demonstrar que a cúpula de Xi com Trump se desenvolve de forma leve: pouco depois do anúncio do ataque, a agência chinesa informou que Trump havia aceitado um convite para visitar o gigante asiático neste ano.

Xi se mostrou até agora prudente diante das declarações do presidente americano, em relação ao intercâmbio comercial.

Horas antes de viajar à Flórida, Trump declarou ao canal Fox que seu país não foi tratado de forma igualitária pela China em matéria comercial.

Trump também acusou a China de fraqueza em sua resposta à ameaça nuclear representada pela Coreia do Norte e de "manipular" o iuane, a moeda nacional.

Temas espinhosos

Trump e Xi abordam outros temas espinhosos, como a Coreia do Norte, que voltou a desafiar os Estados Unidos e a comunidade internacional na quarta-feira lançando seu quinto míssil durante o ano.

Horas antes de receber Xi, Trump afirmou em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que os Estados Unidos "continuarão reforçando sua capacidade militar" diante "da séria ameaça que a Coreia do Norte segue representando".

Há várias semanas, Washington convoca Pequim a pressionar seu aliado Pyongyang.

Trump deixou no ar a ameaça de uma intervenção militar unilateral em uma entrevista publicada no domingo pelo jornal Financial Times, ao afirmar que está preparado para "solucionar" sozinho o problema norte-coreano se a China hesitar por muito tempo.

Pyongyang, que busca desenvolver mísseis balísticos intercontinentais capazes de transportar ogivas nucleares e de atingir o território americano, afirmou na quinta-feira que responderá de forma "implacável" à "menor provocação" de Washington.

De acordo com fontes diplomáticas chinesas, Xi poderia oferecer a Trump o reforço do controle dos bancos chineses que trabalham com o regime de Kim Jong-un.

O presidente chinês já paralisou as importações de carvão norte-coreano, de acordo com as sanções da ONU.

Em troca, poderia pedir ao líder americano que renuncie a um importante contrato armamentístico com Taiwan, a ilha que Pequim considera uma província que deve ser reunificada.

Outro tema quente das conversas é o comércio.

Trump quer abordar o déficit dos Estados Unidos com a China, que subiu a 350 bilhões de dólares em 2016.

A China impõe uma tarifa de 25% sobre as importações de veículos, limita as importações de muitos produtos agrícolas e fecha o importante setor de serviços aos investimentos estrangeiros.

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)SíriaXi Jinping

Mais de Mundo

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo