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Trump acusa FBI de não ter impedido massacre na Flórida

O tiroteio expôs uma grave falha do FBI, que admitiu ter recebido em uma chamada de um familiar do atirador, alertando para seu comportamento

Vigília após massacre em escola na Flórida (./Getty Images)

Vigília após massacre em escola na Flórida (./Getty Images)

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AFP

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 08h44.

O presidente Donald Trump acusou o FBI (a Polícia Federal americana) de não ter evitado o ataque a tiros que deixou 17 mortos em uma escola de Ensino Médio da Flórida, cujos alunos sobreviventes anunciaram uma manifestação para o mês que vem, em Washington, com o objetivo de exigir leis mais estritas de controle de armas.

A denúncia de Trump contra o FBI surge no momento em que o presidente enfrenta duras críticas por seus vínculos com a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), o poderoso lobby das armas de fogo nos Estados Unidos.

O tiroteio também expôs uma grave falha do FBI, que admitiu ter recebido em 5 de janeiro uma chamada de um familiar do atirador de 19 anos, Nikolas Cruz, alertando para seu comportamento agressivo e suas intenções assassinas. O escritório de Miami não foi informado, porém.

A Polícia local também foi advertida da periculosidade de Cruz, noticiou a CNN. Sua mãe adotiva, falecida no ano passado, "pediu várias vezes a presença da Polícia em sua casa para ajudá-la a enfrentar os acessos de raiva, suas ameaças e seu comportamento autodestrutivo".

"É uma verdadeira pena que o FBI tenha omitido todos os sinais enviados pelo atirador do colégio da Flórida. Não é aceitável", tuitou o presidente americano.

"Passam tempo demais tentando provar o conluio russo com a campanha Trump - Não há conluio. Voltem para o básico e nos façam sentir orgulhos de vocês!", acrescentou o presidente.

Desde maio, porém, não é mais o FBI que dirige a investigação sobre a ingerência russa no processo eleitoral, mas o procurador especial Robert Mueller.

No dia seguinte ao tiroteio, Trump insistiu nos problemas mentais do agressor, sem qualquer menção ao direito à posse e ao porte de armas, garantido pela Segunda Emenda da Constituição, ou sem se referir às armas semiautomáticas, como o fuzil AR-15 usado pelo atirador.

"Por nossas vidas"

Estudantes que sobreviveram ao massacre anunciaram uma manifestação, à qual denominaram de "Marcha por nossas vidas", para 24 de março, em Washington, que terá como objetivo exigir leis mais estritas para o controle de armas.

Durante uma manifestação na noite de sábado em Fort Lauderdale, na Flórida, uma sobrevivente do ataque denunciou com firmeza os vínculos do presidente com a NRA.

"A todo político que aceita doações da NRA, que vergonha!", gritou Emma González, atacando Trump pelo apoio milionário que sua campanha recebeu do lobby das armas, enquanto incentivava a multidão a repetir: "Que vergonha!".

"Que vergonha, que vergonha!", gritaram os manifestantes.

"Se o presidente quer vir até mim e dizer na minha cara que foi uma tragédia terrível e... Como nada vai ser feito a respeito, eu vou perguntar alegremente quanto dinheiro ele recebeu da Associação Nacional do Rifle", disse Gonzalez, que cursa o último ano da escola de ensino médio Marjory Stoneman Douglas de Parkland.

"Não importa, porque eu já sei. Trinta milhões", disse à multidão que participou da marcha e que incluiu estudantes, pais e autoridades locais, mencionando a soma gasta pela NRA para apoiar a campanha de Trump e derrotar Hillary Clinton.

Dividindo esta quantia pelo número de vítimas de tiroteios nos Estados Unidos desde o início do ano, González perguntou: "É quanto essas pessoas valem para você, Trump?".

González se escondeu no anfiteatro do colégio, quando Nikolas Cruz abriu fogo nos corredores, deixando 17 mortos, a maioria deles adolescentes, antes de fugir misturando-se na multidão. O atirador foi preso uma hora depois.

"O fato de ser autorizado para comprar armas automáticas não é uma questão política, é uma questão de vida, ou morte", afirmou a estudante em conversa com a AFP.

Sinais de alarme

Nikolas Cruz chegou a receber atendimento psicológico por seus problemas de comportamento, mas se beneficiou de uma legislação muito frouxa na Flórida, conseguindo comprar sua arma legalmente no ano passado.

Houve muitos sinais de advertência sobre os riscos que ele representava.

Uma investigação social realizada por um episódio de automutilação revelou, em setembro de 2016, que Cruz desejava comprar uma arma de fogo.

"Cruz tem cortes recentes em seus dois braços e declarou que pretende comprar uma arma de fogo. Ignoramos com que propósito quer comprar uma arma de fogo", indica um lacônico informe do Serviço de Proteção da Infância, citado pelo jornal "Sun Sentinel".

Embora esses fatos tivessem "certas implicações" para sua segurança, o órgão concluiu, nesse momento, que o jovem foi tratado de maneira adequada por seu colégio e por um instituto especializado em saúde mental.

Nikolas Cruz foi atendido, "porque foi designado como um adulto vulnerável, devido a transtornos mentais", segundo o jornal.

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