Moscou - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta quinta-feira que o desdobramento de tropas da Otan nas fronteiras russas representaria uma violação das leis internacionais da própria Aliança.

"O fato de, sob a pressão de alguns países da Otan (em referência aos membros do Leste da Europa), estarem forçando o desdobramento de tropas na fronteira com a Rússia representa uma violação da ata básica e dos princípios da Declaração de Viena", disse Lavrov à agência "Interfax".

O chefe da diplomacia russa opinou que os países do Leste da Europa que integram a Otan estão provocando tendências anti-russas dentro da Aliança.

"Alguns países do Leste da Europa, depois de terem entrado na Otan, estão tentando provocar uma situação de pânico artificialmente, sem deixar de falar nas ameaças imaginárias por parte da Rússia", assinalou.

Segundo o ministro, a "russofobia" que domina uma minoria de membros da Otan está se transformando em algo mais importante para Aliança do que seu objetivo de garantir a segurança na região euroatlântica e no mundo em geral.

Essa "russofobia", acrescentou Lavrov, "está minando as bases da estabilidade na Europa que foram estabelecidas após o desaparecimento da URSS e do Pacto de Varsóvia, bases que até há pouco tempo nos ajudaram a colaborar com efetividade no Afeganistão, na luta contra o terrorismo, contra o tráfico e a pirataria marítima", entre outros aspectos.

As declarações de Lavrov apareciam como uma resposta às declarações de responsáveis da Otan, que pediram o reforço das forças militares na Europa devido à "ameaça russa".

Em Praga, o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, acusou hoje a Rússia de usar seu poderio militar para ditar o sistema político da Ucrânia, e condicionou um diálogo com Moscou à retirada das tropas russas da fronteira com o país vizinho.

De acordo com Rasmussen, há cerca de 40 mil soldados russos posicionados ao longo da fronteira com a Ucrânia, como as imagens dos satélites da Otan puderam confirmar.