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Troca de prisioneiros beneficia Netanyahu e Hamas

Apesar de rivais, primeiro-ministro israelense e movimento palestino lucraram politicamente com o acordo

A libertação de Gilad Shalit virou trunfo para Netanyahu e para o Hamas (AFP)

A libertação de Gilad Shalit virou trunfo para Netanyahu e para o Hamas (AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 14h48.

A libertação do soldado israelense Gilad Shalit em troca de centenas de palestinos presos em Israel permite ao premier Benjamin Netanyahu se reforçar politicamente em Israel e ao movimento islamita Hamas marcar pontos contra a Autoridade Palestina.

"Várias partes, locais e estrangeiras, tentaram devolver Shalit sem contrapartida e outros disseram que sua captura era uma aventura que não valia a pena, mas hoje está claro que estavam equivocadas", afirmou na terça-feira o chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, durante um discurso aos prisioneiros libertados em Gaza.

Haniyeh se referia sobretudo ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que há cinco anos pedia a libertação de Gilad Shalit, e que saudou oficialmente a troca.

O líder do Hamas, Khaled Mechaal, exilado em Damasco, afirmou por sua vez esta terça-feira, no Cairo, que este acordo era "o máximo que nós pudemos obter depois de cinco anos" e aproveitou a ocasião para propor a Abbas uma reunião para impulsionar a reconciliação entre os rivais palestinos.

"O Hamas sofreu uma queda de sua popularidade e de sua posição depois dos acontecimentos na Síria e precisa de um papel crescente no Egito", interpretou Naji Sharab, professor de Ciência Política da Universidade Al Azahar de Gaza.

Segundo a rádio israelense, a participação ativa do Egito e da Turquia neste intercâmbio poderia permitir que Israel se aproximasse dos dois países.

As relações com o Egito, mediador nesta troca e primeiro país árabe a firmar a paz com Israel, atravessam um período de incerteza depois da queda do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro.

Também existe uma forte tensão com a Turquia, que convocou seu embaixador em Tel Aviv depois da persistente negativa do governo israelense a apresentar desculpas pela morte de nove passageiros turcos de uma frota que enviava ajuda para Gaza, no ataque de um comando israelense em 2010 em águas internacionais.


Do lado israelense, a popularidade de Benjamin Netanyahu se beneficiou da libertação do jovem suboficial, que se tornou um ídolo em Israel.

"O primeiro-ministro demonstrou com sua decisão sobre a troca de prisioneiros com suas qualidades de liderança", afirmou esta quarta-feira Nahman Shai, deputado do Kadima, principal partido de oposição, que em geral critica energicamente Netanyahu.

Uma nova consulta publicada esta quarta-feira confirma os estudos precedentes, com 75,7% dos israelenses que aprovam os termos da troca de prisioneiros e 29,1% dos quais manifestam uma "opinião mais favorável" do que antes sobre Netanyahu.

Por outro lado, "a libertação de Shalit dará ao Hamas uma ocasião de se abrir ao Ocidente, que é um dos seus objetivos e isto pode se refletir em uma grande flexibilidade política de sua parte no futuro", acrescentou Naji Sharab.

"Este acordo pode ser o começo da abertura de canais de diálogo com a sociedade ocidental, Estados Unidos e Europa", confirmou Mujaimer Abu Saada, cientista político da mesma universidade.

"A sociedade ocidental e os Estados Unidos parecem modificar sua visão do Hamas e começam a se dar conta de que o principal ator político na região é o Islã político, do qual o Hamas faz parte", insistiu.

"Para que o Hamas seja considerado um interlocutor, faz falta mais do que a libertação de Shalit", advertiu esta quarta-feira o presidente francês, Nicolas Sarkozy, citando como exigências o reconhecimento de Israel, rejeitado pelo movimento islamita e a condenação de toda forma de violência.

Os Estados Unidos receberam com agrado a libertação Gilad Shalit, sem se pronunciar sobre eventuais consequências sobre as negociações de paz.

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