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Tripla barreira desponta como "modelo" para muro de Trump

A tripla cerca que se estende por cerca de 15 quilômetros ao longo da fronteira de Yuma, no Arizona

Muro que separa os EUA do México na cidade desértica de Yuma, na fronteira sudoeste do Arizona (David McNew/Reuters)

Muro que separa os EUA do México na cidade desértica de Yuma, na fronteira sudoeste do Arizona (David McNew/Reuters)

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EFE

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 10h01.

Última atualização em 27 de janeiro de 2017 às 11h15.

Tucson - Yuma, uma cidade desértica na fronteira sudoeste do Arizona, nos Estados Unidos, é separada do México por uma triplo barreira que Donald Trump descreveu como "modelo" para a construção de um "grande muro" em seu livro de 2015, "Crippled America" ("Estados Unidos paralisados", em tradução livre).

A tripla cerca que se estende por cerca de 15 quilômetros ao longo da fronteira de Yuma, no Arizona, é para muitos o modelo "perfeito" para conter o fluxo de imigrantes ilegais e de drogas através da fronteira sul dos EUA.

A construção desta barreira é singela, uma primeira cerca de 5,49 metros de altura colocada na fronteira com o México, depois uma separação de aproximadamente 64 metros, onde fica uma segunda cerca de 4,88 metros de altura, mais um espaço vazio e uma terceira cerca de 1,83 metro de altura.

Desta maneira, a tripla cerca que cobre vários quilômetros permite uma clara e ampla vista aos agentes que atuam na região.

Até o momento, a tripla cerca é o único modelo conhecido de como poderia ser o "grande muro" que o presidente Donald Trump quer após assinar um decreto executivo para começar "em meses" sua construção.

Em seu livro publicado em 2015, Trump elogia a efetividade da tripla cerca de Yuma e a classifica como "modelo" para um muro com o México que seja impenetrável para os imigrantes ilegais e traficantes de drogas.

A construção da cerca foi parte da aprovação de uma legislação federal que ampliou o muro na fronteira durante o governo George W. Bush, que em 2006 visitou Yuma e presenciou as operações da Patrulha de Fronteira.

Antes da construção da tripla cerca, a fronteira do Arizona era considerada o "ponto zero" da imigração ilegal e uma autêntica "terra de ninguém". Era uma região caótica onde só existia uma cerca de 2,50 metros de altura que cobria a zona urbana.

Os imigrantes ilegais passavam em centenas, alguns saltando o muro, outros de carro ou pelo deserto.

Os contrabandistas continuamente usavam uma técnica pela qual dúzias de imigrantes tentavam atravessar a fronteira simultaneamente, o que colocava em apuros os patrulheiros que tentavam detê-los.

Só no ano de 2005, a Patrulha de Fronteira deteve 138.438 imigrantes ilegais na região, uma média de 800 imigrantes ilegais por dia. Porém, depois da construção da tripla cerca, esse número caiu em 90%.

Recentemente, em 2015, foram registradas 7.142 detenções, mas em 2016 esse número subiu para 14.170.

A patrulha atribui o aumento de detenções ao elevado número de imigrantes provenientes de outros países que não o México e que buscam asilo político, como famílias centro-americanas.

A tripla cerca "virou o jogo", já que agora quando um imigrante ilegal tenta atravessar os obstáculos, pode perder tempo suficiente para ser detectado e levado pelos agentes antes de completar a travessia.

A região de Yuma conta também com outros 185 quilômetros com diferentes tipos de barreiras que se adaptam às características do deserto do Arizona e que buscam evitar a passagem de veículos utilizados para o tráfico de drogas.

"Yuma viu uma incrível queda no número de pessoas tentando atravessar a fronteira de maneira ilegal, e o meu (muro) seria muito melhor", escreveu Trump no livro.

No entanto, a tripla cerca não é a única razão da queda no número de detenções de imigrantes, já que também se deve a uma combinação de mais presença de agentes de fronteira, câmeras, sensores e tecnologias de ponta.

Além disso, o senador pelo estado do Arizona, John McCain, promove a ideia de voltar a impor na região o programa federal conhecido como "streamline", que penaliza com dias de prisão imigrantes ilegais que são detidos quando cruzam a fronteira.

Para críticos do governo federal como Isabel García, diretora da ONG Coalizão dos Direitos Humanos no Arizona, o "sucesso" da tripla barreira de Yuma é questionável, já que em geral a imigração ilegal diminuiu ao longo de toda a fronteira, e não somente nesta região.

"Esta tripla cerca somente movimentou o fluxo migratório a outras regiões, como o Texas", disse García à Agência Efe.

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