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Tribunal egípcio ordena libertação de Mubarak

O Ministério Público deverá decidir, provavelmente na quinta-feira, se libertará Mubarak ou se o manterá em prisão preventiva "por outras acusações"

Hosni Mubarak, 84 anos: o ditador foi derrubado em 2011 por uma revolta popular (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2013 às 18h08.

Um tribunal egípcio ordenou nesta quarta-feira a libertação do ex-presidente Hosni Mubarak , derrubado em 2011 por uma revolta popular, aumentando a tensão em um país sacudido pela queda de seu sucessor islamita, Mohamed Mursi.

Não se sabe se o governo instaurado pelos militares cumprirá a ordem judicial, mas mesmo que a cumpra, o homem que governou o Egito com mão-de-ferro por mais de três décadas continua tendo que dar explicações à justiça por denúncias de corrupção e assassinato de manifestantes, com um primeiro comparecimento no próximo domingo.

O Ministério Público deverá decidir, provavelmente na quinta-feira, se libertará Mubarak ou se o manterá em prisão preventiva "por outras acusações", indicou na noite desta quarta-feira o Ministério do Interior.

O novo regime desferiu nesta quarta-feira novos golpes nos partidários de Mursi, com as detenções de Safwat Hegazy, um influente pregador, e Murad Ali, porta-voz do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), vitrine política da Irmandade Muçulmana, movimento do presidente deposto.

Mas o regime foi submetido a pressões externas pela decisão da União Europeia (UE) de suspender a venda de armas e de material de segurança ao Egito, devido à ferrenha repressão.

Os 28 países membros da UE decidiram "suspender as licenças de exportação de todos os equipamentos que possam ser utilizados na repressão interna", segundo o documento divulgado após a reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco em Bruxelas.

Depois do golpe que derrubou Mursi, no dia 3 de julho, as forças de segurança detiveram milhares de simpatizantes da Irmandade Muçulmana, incluindo seu guia supremo, Mohamad Badie, capturado na terça-feira.


No dia 14 de agosto, a repressão atingiu o seu auge, com a dispersão brutal de duas mobilizações islamitas, que estavam sendo mantidas em praças do Cairo há mais de um mês. A intervenção, que sofreu grande resistência, deixou um registro de mais de 600 mortos no dia mais sangrento da história recente do Egito.

O número de vítimas aumentou nos dias seguintes, chegando a mais de mil mortos, incluindo 37 islamitas que estavam presos e que, segundo as autoridades, tinham tentado fugir.

A próxima sexta-feira pode servir como teste para medir a capacidade de mobilização da Irmandade Muçulmana. Os pró-Mursi convocaram grandes manifestações para a "sexta-feira dos mártires".

Já as forças de segurança perderam nesta segunda-feira 25 homens em um atentado com foguetes na península do Sinai. No total, 45 militares morreram nos últimos dias nesta região, limítrofe com a Faixa de Gaza.

Apoio saudita

No plano diplomático, a Arábia Saudita reafirmou seu apoio ao Egito e pediu, pouco antes do início da reunião de chanceleres da União Europeia, que a comunidade internacional apoie as novas autoridades egípcias.

"Esperamos que a comunidade internacional apoie os esforços do governo egípcio para recuperar a segurança, a estabilidade e a prosperidade, e evite qualquer medida ou política que impeça estes esforços", declarou à AFP o príncipe Saud al Faysal.

As novas autoridades tentaram relativizar as ameaças de sanções financeiras dos Estados Unidos (1,5 bilhão de dólares anuais, destinados em grande parte às Forças Armadas).

Suspender esta ajuda "seria um mau sinal e afetaria gravemente as forças militares poralgum tempo", admitiu o primeiro-ministro interino, Hazem Beblawi, à rede de televisão ABC News.

Mas Beblawi afirmou que o Egito poderia recorrer a outros doadores e vai "sobreviver".

O golpe também deixou tensas as relações entre Turquia e Egito.

O governo egípcio indicou que sua paciência está acabando depois das últimas críticas do primeiro-ministro turco, o islamita conservador Recep Tayyip Erdogan, que na terça-feira acusou Israel de estar por trás da deposição de Mursi.

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Um tribunal egípcio ordenou nesta quarta-feira a libertação do ex-presidente Hosni Mubarak , derrubado em 2011 por uma revolta popular, aumentando a tensão em um país sacudido pela queda de seu sucessor islamita, Mohamed Mursi.

Não se sabe se o governo instaurado pelos militares cumprirá a ordem judicial, mas mesmo que a cumpra, o homem que governou o Egito com mão-de-ferro por mais de três décadas continua tendo que dar explicações à justiça por denúncias de corrupção e assassinato de manifestantes, com um primeiro comparecimento no próximo domingo.

O Ministério Público deverá decidir, provavelmente na quinta-feira, se libertará Mubarak ou se o manterá em prisão preventiva "por outras acusações", indicou na noite desta quarta-feira o Ministério do Interior.

O novo regime desferiu nesta quarta-feira novos golpes nos partidários de Mursi, com as detenções de Safwat Hegazy, um influente pregador, e Murad Ali, porta-voz do Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), vitrine política da Irmandade Muçulmana, movimento do presidente deposto.

Mas o regime foi submetido a pressões externas pela decisão da União Europeia (UE) de suspender a venda de armas e de material de segurança ao Egito, devido à ferrenha repressão.

Os 28 países membros da UE decidiram "suspender as licenças de exportação de todos os equipamentos que possam ser utilizados na repressão interna", segundo o documento divulgado após a reunião de ministros das Relações Exteriores do bloco em Bruxelas.

Depois do golpe que derrubou Mursi, no dia 3 de julho, as forças de segurança detiveram milhares de simpatizantes da Irmandade Muçulmana, incluindo seu guia supremo, Mohamad Badie, capturado na terça-feira.


No dia 14 de agosto, a repressão atingiu o seu auge, com a dispersão brutal de duas mobilizações islamitas, que estavam sendo mantidas em praças do Cairo há mais de um mês. A intervenção, que sofreu grande resistência, deixou um registro de mais de 600 mortos no dia mais sangrento da história recente do Egito.

O número de vítimas aumentou nos dias seguintes, chegando a mais de mil mortos, incluindo 37 islamitas que estavam presos e que, segundo as autoridades, tinham tentado fugir.

A próxima sexta-feira pode servir como teste para medir a capacidade de mobilização da Irmandade Muçulmana. Os pró-Mursi convocaram grandes manifestações para a "sexta-feira dos mártires".

Já as forças de segurança perderam nesta segunda-feira 25 homens em um atentado com foguetes na península do Sinai. No total, 45 militares morreram nos últimos dias nesta região, limítrofe com a Faixa de Gaza.

Apoio saudita

No plano diplomático, a Arábia Saudita reafirmou seu apoio ao Egito e pediu, pouco antes do início da reunião de chanceleres da União Europeia, que a comunidade internacional apoie as novas autoridades egípcias.

"Esperamos que a comunidade internacional apoie os esforços do governo egípcio para recuperar a segurança, a estabilidade e a prosperidade, e evite qualquer medida ou política que impeça estes esforços", declarou à AFP o príncipe Saud al Faysal.

As novas autoridades tentaram relativizar as ameaças de sanções financeiras dos Estados Unidos (1,5 bilhão de dólares anuais, destinados em grande parte às Forças Armadas).

Suspender esta ajuda "seria um mau sinal e afetaria gravemente as forças militares poralgum tempo", admitiu o primeiro-ministro interino, Hazem Beblawi, à rede de televisão ABC News.

Mas Beblawi afirmou que o Egito poderia recorrer a outros doadores e vai "sobreviver".

O golpe também deixou tensas as relações entre Turquia e Egito.

O governo egípcio indicou que sua paciência está acabando depois das últimas críticas do primeiro-ministro turco, o islamita conservador Recep Tayyip Erdogan, que na terça-feira acusou Israel de estar por trás da deposição de Mursi.

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