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Tribos líbias pedem a queda do ditador Kadafi

Rebeldes garantem que já conseguiram restabelecer segurança no porto de Misrata

Kadafi, ditador líbio: declaração conjunta das tribos quer um país sem o governante (AFP)

Kadafi, ditador líbio: declaração conjunta das tribos quer um país sem o governante (AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de abril de 2011 às 13h50.

Misrata, Líbia - Membros e líderes das tribos líbias pediram nesta quarta-feira ao coronel Muammar Kadafi que deixe o poder, enquanto os rebeldes, graças aos bombardeios da Otan, anunciaram ter conseguido restabelecer a segurança no porto de Misrata.

Em uma declaração divulgada em Paris pelo escritor francês Bernard Henri Levy, que respalda a rebelião líbia, os líderes ou representantes de 61 tribos líbias afirmaram o desejo de construir uma "Líbia unida" sem a presença de Muammar Kadafi.

"Diante das ameaças que pesam sobre a unidade de nosso país, diante das manobras e da propaganda do ditador e de sua família, declaramos solenemente que nada poderá nos dividir. Compartilhamos o mesmo ideal de uma Líbia livre, democrática e unida", afirma o texto, redigido em 12 de abril em Benghazi, reduto da rebelião líbia no leste do país.

"A Líbia de amanhã, uma vez que o ditador tenha partido, será uma Líbia unida, cuja capital será Trípoli e onde por fim seremos livres para formar uma sociedade civil segundo nossos desejos", insistem os 61 signatários do texto, em um país onde o peso das tribos é relevante.

"Como líbios, formamos um só e única tribo: a tribo dos líbios livres, em luta contra a opressão e as intenções ruins de divisão", afirmam os representantes das tribos, que agradecem a França e a Europa, que segundo eles "impediram a carnificina" prometida por Kadafi.

O pedido foi feito no dia em que os rebeldes anunciaram ter conseguido restabelecer a segurança no porto da cidade rebelde de Misrata, depois do ataque de terça-feira das forças leais a Kadafi.

Mas a cidade permanecia cercada pelo Exército ao leste, sul e oeste. A única via de abastecimento é o mar.

Segundo os rebeldes, a Otan procedeu a ataques aéreos durante a noite a 15 km do porto, essencial para o abastecimento da cidade sitiada há dois meses, e o Exército líbio se viu obrigado a recuar para 40 km de distância.


"Os homens de Kadafi estão mortos. Só restam veículos e corpos calcinados e recuperamos muitas armas", indicou um chefe do grupo rebelde, mostrando um míssil Milan de fabricação francesa, um lança-foguetes RPG e armas automáticas.

Na terça-feira, forças leais a Muammar Kadafi, expulsas na segunda-feira de Misrata, atacaram o porto desta cidade rebelde líbia, ferindo refugiados africanos e obrigando um barco humanitário a se afastar do litoral.

Em Misrata ainda restam 1.300 refugiados, essencialmente nigerianos, mas também do Chade, de Gana e do Sudão.

O porto de Misrata é a única ligação com o mundo exterior desta cidade costeira, a terceira maior da Líbia, onde as forças pró-Kadafi cortaram todos os acessos terrestres.

Um barco da Organização Internacional para as Migrações (OIM) que pretendia retirar milhares de africanos que tentavam fugir da cidade se afastou dois quilômetros do litoral por precaução.

Os países membros da Otan concordaram em enviar um representante ao reduto rebelde de Benghazi para estreitar os contatos políticos com a oposição ao regime de Kadafi, informaram nesta quarta-feira fontes da Aliança Atlântica.

Vários países da Otan discutem paralelamente com o governo dos Estados Unidos a possibilidade de fornecer munições aos rebeldes.

A União Africana (UA) pediu nesta quarta-feira em um comunicado o fim das operações militares contra autoridades líbias, depois que um bombardeio da Otan destruiu um prédio do complexo residencial de Muammar Kadafi em Trípoli na segunda-feira.

Um avião e combate F16 da Otan, que participava nas operações militares na Líbia, caiu nesta quart-feira quando aterrissava na base de Sigonella, na ilha italiana da Sicília. O piloto se ejetou e está sob observação no hospital.

Intensos disparos de artilharia foram ouvidos do lado líbio da fronteira com a Tunísia, perto do posto de fronteira com Dehiba.

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