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Trem-bala e Itaquerão mostram que PT e PSDB são iguais no gasto público

Há críticas pesadas às duas obras que, no final das contas, terão dinheiro público

Alckmin e Dilma: dinheiro público colocado em obras polêmicas (Antonio Cruz/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2012 às 13h52.

São Paulo – O (quase) desfecho das duas novelas envolvendo o Trem-bala e o Itaquerão é muito parecido. Dinheiro público será colocado em obras cujo benefício à sociedade é questionável.

A construção do trem-bala, que vai ligar Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo, é uma obsessão do governo Dilma. No começo, a história oficial dizia que não haveria recursos públicos – “apenas” financiamento via BNDES a juros subsidiados, de pai para filho.

Agora, após o fracasso do leilão, o governo federal, administrado pelo PT, arrumou um jeito de atrair a iniciativa privada. "A União é fiadora dessa equação e vai assumir o risco", afirmou, nesta semana, Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Traduzindo: se o valor da obra superar as estimativas do governo (estimativas, aliás, que já foram questionadas pelas empreiteiras), o Tesouro – recheado de impostos – banca a diferença.

Em São Paulo, sob o comando do PSDB, o discurso sempre foi de que o governo estadual não entraria com um centavo na construção de nenhum estádio. A missão dos cofres públicos seria pagar as obras de infraestrutura (transporte, saneamento etc) necessárias para viabilizar a realização da Copa do Mundo.


Passados inúmeros meses de discussões sobre o valor do Itaquerão, a Odebrecht e o Corinthians bateram o martelo em relação ao custo da obra: R$ 820 milhões. Existem ainda R$ 420 milhões em isenções fiscais da Prefeitura.

Agora, o governador Geraldo Alckmin muda de ideia e resolve bancar R$ 50 milhões (a Odebrecht diz que pode chegar a R$ 70 milhões) para a instalação de uma arquibancada móvel no estádio, possibilitando que a abertura da Copa seja em São Paulo.

Nos dois casos, os governantes de plantão calcularam a relação custo-benefício apenas do ponto de vista político. Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, lembra que obras de grande porte, como o trem-bala, têm forte apelo eleitoral. “É difícil para a sociedade ter a dimensão exata do que poderia ser feito com o dinheiro público que será canalizado para o trem-bala. No final das contas, o que ficará é a imagem da obra pronta.”

No caso do Itaquerão, a ampliação da capacidade do estádio não vai trazer benefícios diretos para a zona leste de São Paulo, mas o simbolismo da abertura da Copa na cidade tem um peso político importante. “O governo estadual não quis correr o risco de ser apontado como o culpado por São Paulo não ser a abertura do evento na véspera das eleição de 2014”, explica Cortez.

Nos dois casos, as críticas de curto prazo seriam suplantadas pelo resultado final. O cálculo político falou mais alto que a lógica econômica, e a conta será paga pelos contribuintes.

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São Paulo – O (quase) desfecho das duas novelas envolvendo o Trem-bala e o Itaquerão é muito parecido. Dinheiro público será colocado em obras cujo benefício à sociedade é questionável.

A construção do trem-bala, que vai ligar Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo, é uma obsessão do governo Dilma. No começo, a história oficial dizia que não haveria recursos públicos – “apenas” financiamento via BNDES a juros subsidiados, de pai para filho.

Agora, após o fracasso do leilão, o governo federal, administrado pelo PT, arrumou um jeito de atrair a iniciativa privada. "A União é fiadora dessa equação e vai assumir o risco", afirmou, nesta semana, Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Traduzindo: se o valor da obra superar as estimativas do governo (estimativas, aliás, que já foram questionadas pelas empreiteiras), o Tesouro – recheado de impostos – banca a diferença.

Em São Paulo, sob o comando do PSDB, o discurso sempre foi de que o governo estadual não entraria com um centavo na construção de nenhum estádio. A missão dos cofres públicos seria pagar as obras de infraestrutura (transporte, saneamento etc) necessárias para viabilizar a realização da Copa do Mundo.


Passados inúmeros meses de discussões sobre o valor do Itaquerão, a Odebrecht e o Corinthians bateram o martelo em relação ao custo da obra: R$ 820 milhões. Existem ainda R$ 420 milhões em isenções fiscais da Prefeitura.

Agora, o governador Geraldo Alckmin muda de ideia e resolve bancar R$ 50 milhões (a Odebrecht diz que pode chegar a R$ 70 milhões) para a instalação de uma arquibancada móvel no estádio, possibilitando que a abertura da Copa seja em São Paulo.

Nos dois casos, os governantes de plantão calcularam a relação custo-benefício apenas do ponto de vista político. Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, lembra que obras de grande porte, como o trem-bala, têm forte apelo eleitoral. “É difícil para a sociedade ter a dimensão exata do que poderia ser feito com o dinheiro público que será canalizado para o trem-bala. No final das contas, o que ficará é a imagem da obra pronta.”

No caso do Itaquerão, a ampliação da capacidade do estádio não vai trazer benefícios diretos para a zona leste de São Paulo, mas o simbolismo da abertura da Copa na cidade tem um peso político importante. “O governo estadual não quis correr o risco de ser apontado como o culpado por São Paulo não ser a abertura do evento na véspera das eleição de 2014”, explica Cortez.

Nos dois casos, as críticas de curto prazo seriam suplantadas pelo resultado final. O cálculo político falou mais alto que a lógica econômica, e a conta será paga pelos contribuintes.

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