Trem-bala e Itaquerão mostram que PT e PSDB são iguais no gasto público
Há críticas pesadas às duas obras que, no final das contas, terão dinheiro público
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2012 às 13h52.
São Paulo – O (quase) desfecho das duas novelas envolvendo o Trem-bala e o Itaquerão é muito parecido. Dinheiro público será colocado em obras cujo benefício à sociedade é questionável.
A construção do trem-bala, que vai ligar Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo, é uma obsessão do governo Dilma. No começo, a história oficial dizia que não haveria recursos públicos – “apenas” financiamento via BNDES a juros subsidiados, de pai para filho.
Agora, após o fracasso do leilão, o governo federal, administrado pelo PT, arrumou um jeito de atrair a iniciativa privada. "A União é fiadora dessa equação e vai assumir o risco", afirmou, nesta semana, Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Traduzindo: se o valor da obra superar as estimativas do governo (estimativas, aliás, que já foram questionadas pelas empreiteiras), o Tesouro – recheado de impostos – banca a diferença.
Em São Paulo, sob o comando do PSDB, o discurso sempre foi de que o governo estadual não entraria com um centavo na construção de nenhum estádio. A missão dos cofres públicos seria pagar as obras de infraestrutura (transporte, saneamento etc) necessárias para viabilizar a realização da Copa do Mundo.
Passados inúmeros meses de discussões sobre o valor do Itaquerão, a Odebrecht e o Corinthians bateram o martelo em relação ao custo da obra: R$ 820 milhões. Existem ainda R$ 420 milhões em isenções fiscais da Prefeitura.
Agora, o governador Geraldo Alckmin muda de ideia e resolve bancar R$ 50 milhões (a Odebrecht diz que pode chegar a R$ 70 milhões) para a instalação de uma arquibancada móvel no estádio, possibilitando que a abertura da Copa seja em São Paulo.
Nos dois casos, os governantes de plantão calcularam a relação custo-benefício apenas do ponto de vista político. Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, lembra que obras de grande porte, como o trem-bala, têm forte apelo eleitoral. “É difícil para a sociedade ter a dimensão exata do que poderia ser feito com o dinheiro público que será canalizado para o trem-bala. No final das contas, o que ficará é a imagem da obra pronta.”
No caso do Itaquerão, a ampliação da capacidade do estádio não vai trazer benefícios diretos para a zona leste de São Paulo, mas o simbolismo da abertura da Copa na cidade tem um peso político importante. “O governo estadual não quis correr o risco de ser apontado como o culpado por São Paulo não ser a abertura do evento na véspera das eleição de 2014”, explica Cortez.
Nos dois casos, as críticas de curto prazo seriam suplantadas pelo resultado final. O cálculo político falou mais alto que a lógica econômica, e a conta será paga pelos contribuintes.
São Paulo – O (quase) desfecho das duas novelas envolvendo o Trem-bala e o Itaquerão é muito parecido. Dinheiro público será colocado em obras cujo benefício à sociedade é questionável.
A construção do trem-bala, que vai ligar Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo, é uma obsessão do governo Dilma. No começo, a história oficial dizia que não haveria recursos públicos – “apenas” financiamento via BNDES a juros subsidiados, de pai para filho.
Agora, após o fracasso do leilão, o governo federal, administrado pelo PT, arrumou um jeito de atrair a iniciativa privada. "A União é fiadora dessa equação e vai assumir o risco", afirmou, nesta semana, Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Traduzindo: se o valor da obra superar as estimativas do governo (estimativas, aliás, que já foram questionadas pelas empreiteiras), o Tesouro – recheado de impostos – banca a diferença.
Em São Paulo, sob o comando do PSDB, o discurso sempre foi de que o governo estadual não entraria com um centavo na construção de nenhum estádio. A missão dos cofres públicos seria pagar as obras de infraestrutura (transporte, saneamento etc) necessárias para viabilizar a realização da Copa do Mundo.
Passados inúmeros meses de discussões sobre o valor do Itaquerão, a Odebrecht e o Corinthians bateram o martelo em relação ao custo da obra: R$ 820 milhões. Existem ainda R$ 420 milhões em isenções fiscais da Prefeitura.
Agora, o governador Geraldo Alckmin muda de ideia e resolve bancar R$ 50 milhões (a Odebrecht diz que pode chegar a R$ 70 milhões) para a instalação de uma arquibancada móvel no estádio, possibilitando que a abertura da Copa seja em São Paulo.
Nos dois casos, os governantes de plantão calcularam a relação custo-benefício apenas do ponto de vista político. Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, lembra que obras de grande porte, como o trem-bala, têm forte apelo eleitoral. “É difícil para a sociedade ter a dimensão exata do que poderia ser feito com o dinheiro público que será canalizado para o trem-bala. No final das contas, o que ficará é a imagem da obra pronta.”
No caso do Itaquerão, a ampliação da capacidade do estádio não vai trazer benefícios diretos para a zona leste de São Paulo, mas o simbolismo da abertura da Copa na cidade tem um peso político importante. “O governo estadual não quis correr o risco de ser apontado como o culpado por São Paulo não ser a abertura do evento na véspera das eleição de 2014”, explica Cortez.
Nos dois casos, as críticas de curto prazo seriam suplantadas pelo resultado final. O cálculo político falou mais alto que a lógica econômica, e a conta será paga pelos contribuintes.