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Toninha corre risco de extinção no Brasil

Estudo revela que prática pesqueira de emalhe elevou a mortalidade das toninhas – pequenos golfinhos – no sul do país, colocando a espécie em risco de extinção


	Golfinhos: a fim de compreender melhor a espécie, a FURG promove pesquisas com as toninhas desde 1990
 (Faraj Meir/ Wikimedia Commons)

Golfinhos: a fim de compreender melhor a espécie, a FURG promove pesquisas com as toninhas desde 1990 (Faraj Meir/ Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 15h44.

São Paulo - A toninha*, menor espécie de golfinhos do mundo, endêmica da região sul do Brasil e das costas do Uruguai e da Argentina, está cada vez mais ameaçada de extinção devido à pesca de emalhe - realizada com rede, mas de forma aleatória, pesca espécies diversas sem distinção.

Estudos realizados pelo Laboratório de Mamíferos Marinhos da FURG* - com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza* - indicaram que, desde 2011, quantidades elevadas de toninhas têm sido capturadas acidentalmente por essa prática pesqueira. "Como a toninha é pequena e tem hábito costeiro, é muito vulnerável a esse tipo de pesca", ressalta Emanuel Carvalho Ferreira, pesquisador-chefe do projeto que investiga a mortalidade das toninhas na costa sul do Rio Grande do Sul.

A fim de compreender melhor a espécie, a FURG promove pesquisas com as toninhas desde 1990. Em 2011, foram iniciadas as pesquisas focadas na mortalidade desses animais envolvendo o emalhe, o que as colocou na lista das espécies ameaçadas de extinção.

Durante a coleta dos dados, os pesquisadores descobriram que, como o tempo de espera da prática do emalhe é longo (de 12 a 14 horas) e as redes são extensas (podem chegar a 30km de comprimento), outras espécies que não são o foco da pescaria, como é o caso das toninhas, são capturadas.

Por conta dessa prática abusiva - e que deveria ser proibida! -, foram adotadas algumas medidas de prevenção e proteção, principalmente na região do Brasil.


Entre elas, a criação do PAN Toninha - Plano de Ação Nacional para a Conservação do Pequeno Cetáceo Toninha*. Para os cientistas, a primeira medida importante para que se comece a obter resultados positivos, é a redução do tamanho da rede de emalhe para sete quilômetros.

"Essa medida precisa ser tomada imediatamente! 30 km de rede torna a situação insustentável, tanto para a toninha quanto para qualquer outra espécie capturada nas pescarias", explica Ferreira. Outro passo importante foi o trabalho de conscientização realizado com os pescadores locais, para que compreendam a importância de adotar práticas menos predatórias e prejudiciais ao meio ambiente.

Apesar dessas ações de caráter imediato, para os cientistas, a principal medida para proteger a toninha está na própria pesquisa. Nela, foram descritos cenários com simulação de exclusão de pesca em áreas de 5m, 10m, 15m e 20m de profundidade, o que possibilita a criação de uma área importante para a proteção ambiental.

"Se essa área - com até 20 metros de profundidade - for criada, com certeza haverá redução de 72% na mortalidade das toninhas na costa do Rio Grande do Sul", aponta o pesquisador. Este seria um grande avanço não apenas para conter a extinção do menor golfinho do mundo, mas para que outras espécies marinhas não fossem mais prejudicadas pela pesca de emalhe, como a tartaruga e os tubarões.

*A toninha é um pequeno cetáceo endêmico do Atlântico Sul-Ocidental que vive em águas costeiras do Espírito Santo à Argentina. Mede até 1,70m e é considerada uma das menores espécies de golfinhos do mundo. Sua coloração é parda-marrom, o que possibilita sua camuflagem nas águas turvas da região. Possui bico comprido e dentes pequenos. Com hábito costeiro, a toninha é bastante arredia. Por ser predador do topo da cadeia alimentar, a preservação dessa espécie é muito importante para o equilíbrio da biodiversidade da região.

*FURG - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
*Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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