Timor: segundo a apuração dos votos, a Aliança para a Mudança e o Progresso (AMP) obteve 49,56% dos votos (Lirio Da Fonseca/Reuters)
EFE
Publicado em 14 de maio de 2018 às 09h25.
Bangcoc - O Timor Leste anunciará em duas semanas seu novo primeiro-ministro, após as eleições antecipadas de sábado que foram vencidas por maioria absoluta pela coalizão opositora Aliança para a Mudança e o Progresso (AMP), liderada pelo ex-presidente Xanana Gusmão.
Segundo a apuração de mais de 99% dos votos, a AMP obteve 49,56% de apoio, o que corresponde a 34 das 65 cadeiras do parlamento, mas os resultados oficiais só serão publicados entre 27 e 28 de maio, informou nesta segunda-feira a imprensa do país.
A histórica Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), liderada pelo primeiro-ministro interino, Mari Alkatiri, recebeu 34,18% dos votos, o que equivale a 23 deputados.
"O Fretilin foi relegado à oposição", afirmou em um e-mail enviado à Agência Efe Damien Kingsbury, chefe da missão de observadores australianos que supervisionou a votação em Timor Leste.
O especialista opinou que Gusmão, ex-guerrilheiro e herói da independência, será o chefe de governo, mas prevê que em dois anos ele transferirá o cargo para seu ex-companheiro de armas e aliado político, José Maria Vasconcelos, mais conhecido como Taur Matan Ruak.
Gusmão foi o primeiro chefe de Estado (2002-2007) e, mais tarde, comandou o Executivo (2007-2015) em Timor Leste, enquanto Taur Matan Ruak foi presidente entre 2012 e 2017.
"As eleições ocorreram sem denúncias de problemas sérios. A participação foi de em torno de 80%", explicou Kingsbury, que destacou que esta é a terceira transferência de poder na ex-colônia portuguesa em 16 anos.
O observador australiano disse que os principais desafios do novo Executivo serão a redução das reservas de petróleo e a falta de diversificação da economia do país.
As eleições foram convocadas de forma antecipada depois que Alkatiri não conseguiu validar seu programa e orçamento ao não ter maioria suficiente no parlamento, que foi formado após as eleições de julho do ano passado.
A República Democrática do Timor Leste nasceu em 20 de maio de 2002 como um dos países mais pobres do mundo e cujo passado foi determinado pelo colonialismo português, pela ocupação da Indonésia (1975-1999) e pela transição tutelada pela ONU.
A economia timorense depende das reservas de petróleo e gás do país, que representam quase 80% do PIB e mais do 90% das receitas do erário.
Apesar do aumento do orçamento e do financiamento de projetos nos últimos anos graças a exploração de hidrocarbonetos, 40% da população majoritariamente rural vive na pobreza neste jovem país, onde 60% dos habitantes têm menos de 25 anos.